sábado, 2 de abril de 2011

LUÍS SCROSOPPI

Presbítero, Fundador, Santo
1804-1884

3 de Abril

Luís Scrosoppi nasce aos 4 de agosto de 1804, em Údine, cidade do Friuli, no Norte da Itália. Cresce num ambiente familiar rico de fé e caridade cristã. Aos doze anos inicia o caminho do sacerdócio, freqüentando o seminário diocesano de Údine e em 1827 é ordenado sacerdote; ao seu lado estão os irmãos Carlos e João Batista, ambos sacerdotes.

O ambiente paupérrimo do Friuli de 1800, debilitado pela carestia, guerras e epidemias, são para Luís como um apelo para assumir os cuidados dos fracos: dedica-se com outros sacerdotes e um grupo de jovens professoras, à acolhida e à educação das "derelitas", as jovens mais sozinhas e abandonadas de Údine e dos arredores. Para elas coloca à disposição os seus bens, as suas energias, o seu afeto; não economiza nada de si e quando as necessidades são mais constrangedoras vai pedir esmolas: ele tem confiança na ajuda das pessoas e sobre tudo confia no Senhor. A sua vida, de fato, é uma expressão palpável da grande confiança na Providência divina. Assim escreve, a respeito da obra de caridade na qual está envolvido: "A Providência de Deus, que dispõe os ânimos e rende os corações para favorecer as suas obras, foi a única fonte da existência deste Instituto... aquela amorosa Providência, que não deixa confundir quem nela confia". Não perde ocasião para infundir esta confiança e serenidade nas meninas acolhidas e nas jovens senhoras que se dedicam à sua educação. Estas são chamadas "mestras" porque são hábeis no trabalho de costura e de bordado, mas são também aptas para ensinar a "escrever, ler e fazer contas", como se costumava dizer. São senhoras de idade e de origem diversas, e em cada uma delas vai amadurecendo a decisão de colocar a própria vida nas mãos do Senhor e de consagrar-se a Ele, servindo-O na família das "derelitas". Na tarde do dia 1 de fevereiro de 1837, as nove senhoras, como sinal da decisão definitiva, depõem o seu "ouro" e escolhem viver na pobreza e na doação total de si. É nesta simplicidade que nasce a Congregação das Irmãs da Providência, a família religiosa fundada pelo padre Luís. Às primeiras mestras unem-se outras. Existem as ricas e as pobres, as cultas e as analfabetas, as nobres e aquelas de origem humilde: na Casa da Providência há lugar para todas e todas se tornam irmãs. 

O fundador as encoraja ao sacrifício e as exorta aos cuidados afetuosos das meninas, que devem considerar a "pupila dos seus olhos". Disse-lhes: "Mais que qualquer outra coisa, estas filhas dos pobres têm necessidade de educar o coração e de aprender tudo o que é necessário para conduzirem honestamente a sua vida". E ainda: "O cansaço, a aplicação, a ocupação contínua e as preocupações fastidiosas para ajudá-las, socorrê-las e instruí-las, não vos desencorajem, sabendo que fazeis tudo isto a Jesus".

Entretanto, Luís vai amadurecendo a necessidade de uma consagração mais total ao Senhor. Está fascinado pelo ideal de pobreza e de fraternidade universal de Francisco de Assis, mas os acontecimentos da vida e da história o conduzirão sobre os passos de São Felipe Neri, o cantor da alegria e da liberdade, o santo da oração, da humildade e da caridade. A vocação "oratoriana" de Luís se realiza em 1846 e na maturidade dos seus 42 anos, torna-se filho de São Felipe: dele aprende a mansidão e a doçura que o ajudarão a ser mais idôneo na função de fundador e pai da Congregação das Irmãs da Providência. 

Profundamente respeitoso e atento ao crescimento humano das irmãs e ao seu caminho de santidade, não poupa nem ajudas, nem conselhos, nem exortações. Ele considera atentamente a sua vocação, coloca-lhes a fé à prova, a fim de que se tornem fortes. Não é terno diante da vaidade, do desejo de aparecer, e é severo quando colhe atitudes de hipocrisia e de superficialidade. Porém, que ternura paterna sabe ter frente às fragilidades e à necessidade de compreensão, de apoio e de conforto!

Lentamente se delineia no Padre Luís as características fundamentais de uma vida espiritual centralizada em Jesus Cristo, amado e imitado na humildade e pobreza da sua encarnação em Belém, na simplicidade da vida laboriosa de Nazaré, na completa imolação da cruz sobre o Calvário, no silêncio da Eucaristia. Ainda pelo fato que Jesus disse: "Qualquer coisa que fizestes a um dos meus irmãos menores, o fizestes a mim" é a eles que Pe. Luís dedica a vida de cada dia, com o empenho concreto de "buscar antes de tudo o Reino de Deus e a sua justiça" seguro de que todo o restante será dado a mais, segundo a promessa evangélica. 

Todas as obras por ele empreendidas durante a sua vida, refletem esta escolha preferencial para os mais pobres, para os últimos, os abandonados. "Doze casas - havia profetizado - abrirei antes da minha morte" e isto aconteceu. Doze casas nas quais as Irmãs da Providência se dedicam num serviço humilde, empenhativo e alegre às jovens à mercê de si mesmas, aos doentes pobres e transcurados, aos anciãos abandonados.

Todavia, profundamente interessado no cumprimento do bem, Padre Luís não se ocupa somente de suas obras, nas quais as irmãs colaboram com pessoas generosas e disponíveis para dar-lhes uma ajuda. Oferece com entusiasmo o seu apoio espiritual e econômico, também às iniciativas projetadas em Údine por outras pessoas de boa vontade; sustenta toda atividade da Igreja e tem um olhar de particular predileção para os jovens do seminário de Údine, especialmente os mais pobres. 

Na segunda metade de 1800, a Itália, região após região vai se unificando. Os acontecimentos políticos e militares desta unificação representam um período particularmente difícil para Údine e todo o Friuli, terra de confim e lugar de fácil passagem entre o norte e o sul da Europa, entre leste e oeste. Uma das conseqüências desta unificação, que aconteceu infelizmente num clima anticlerical, é o decreto de supressão da "Casa das Derelitas" e da Congregação dos Padres do Oratório, de Údine. 

Tem início para o Padre Luís uma dura luta para salvar as obras a favor das "derelitas" e consegue, mas não pode fazer nada para impedir a supressão da Congregação do Oratório. A triste situação política consegue assim destruir as estruturas materiais da Congregação do Oratório de Údine, contudo não pode impedir a Padre Luís de permanecer para sempre discípulo fiel de São Felipe.
Já ancião, com a sua habitual abertura de espírito, compreende que é chegado o momento de ceder o timão e o transfere às irmãs com serenidade e esperança. Mantém, todavia, com todas um relacionamento epistolar que contribui para consolidar os laços de afeto e de caridade e, na sua solicitude paterna, jamais se cansa de recomendar a fraternidade e a confiança. 

Através da sua comunhão profunda com Deus e os longos anos de experiência, Padre Luís adquiriu sabedoria e intuito espiritual não comuns que lhe permitem ler nos corações; às vezes demonstra também conhecer situações interiores secretas e fatos conhecidos somente da pessoa interessada. 

No fim de 1883 é constrangido a suspender toda atividade, as forças começam a diminuir e é atormentado por uma febre constantemente alta. A doença progride de modo inexorável. Recomenda às Irmãs de nada temer" porque foi Deus que fez nascer e crescer a Família religiosa e será ainda Ele que a fará progredir".

Quando sente chegar o fim, deseja saudar a todos. Portanto dirige as últimas palavras às Irmãs: "Depois da minha morte, a vossa Congregação terá muitas tribulações, mas depois renascerá a vida nova. Caridade! Caridade! Eis o espírito da vossa família religiosa: salvar as almas e salvá-las com a Caridade".

Na noite de quinta-feira, 3 de abril de 1884, acontece o seu encontro definitivo com Jesus. Toda Údine e a gente das cidades vizinhas acorrem para vê-lo pela última vez e pedir-lhe a proteçãodo céu.

Com a sua intercessão a favor dos pequenos, dos pobres, da juventude em dificuldade, das pessoas que sofrem, de quantos vivem situações penosas, padre Luís continua também hoje, a indicar a todos a estrada da união com Deus, da compaixão e do amor e está pronto para acompanhar ainda os passos daqueles que se entregam à Providência de Deus.

Canonizado à 10 de Junho de 2001, Praça de S. Pedro, pela Papa João Paulo II.

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