Bispo, Santo+ 665
16 de Abril
Quase uns 90 anos depois de S. Martinho de Dume falecer, é São Frutuoso que vem presidir na Sé de Braga, depois de, também como ele, ter estacionado na de Dume. E, como aquele, tambél Frutuoso, procede de além-fronteiras, este último da diocese de Astorga. Tomou posse de Graga em 656.
A vida monástica gozava então de honra e estima, como o refúgio ou terra privilegiada da virtude e cultivo da ciência, primeiramesnte da ciência e cultura sagradas. Por isso São Frutuoso surge como assíduo e incansável cultor do monaquismo e fundador de uns dez mosteiros. Primeiro vários na Hispânia que cedo se tornaram célebres, em várias e distantes províncias, percorridas nesta audaciosa propaganda de fundações monásticas.
Tentou também uma viagem ao Oriente, que não conseguiu realizar, porque o rei visigodo Recesvinto, sabedor das suas fundações na Galiza, o designou para bispo de Dume, para poder assegurar assim, para esta província, os múltiplos bens do seu apostolado. Fundar mosteiros tinha sido pois quase todo o seu apostolado, e este mesmo se lhe podia, para Braga, como o melhor elemento, o mais eficaz promotor duma cristã e autêntica civilização.
Provam-no a natureza e finalidades da sua regra, que começou por ser, mais própria ou primariamente, dos Monges[1], sua formação espiritual e disciplina religiosa: oração e contemplação com o trabalho manual e agrícola. Esta segunda feição acentua-se mais na Regra Comum que entrou na organização das últimas fundações, em região de abundantes pastagens e vantajosa criação de gados.
No mesmo mosteiro, imensa colmeia humana, o trabalho dos diferentes campos e oficinas supria às necessidades gerais; mas cada qual devia industriar-se e servir-se, para dar aos outros o mínimo de trabalho possível. Para isso competia ao abade fornecer a todos sovelas, agulhas e linhas de diferentes castas, para coser, consertar e remendar os vestidos. Foi o Santo o fundador, entre nós, dos mosteiros-refúgios.
Ao lado de tantos bens, ainda que temporais, continuou altamente frutífera a constante actuação pastoral e apostólica de São Frutuoso, até à sua morte — no mosteiro por ele fundado furtivamente, de São Salvador de Montélios — a 16 de Abril de 665.
Levadas as suas relíquias para Compostela em 1102, num gesto ambicioso de coisas sagradas, foram restituídas novamente a Braga, por ocasião das celebrações centenárias de São Frutuoso em 1965-1966.
[1] Regra dos monges – Prologo: Depois do amor a Deus e ao próximo, que é o vínculo de toda a perfeição e o ponto culminante das virtudes, determinou-se também que é preciso observar, em todos os mosteiros, o seguinte da tradição regular. Primeiro, entregar-se à oração noite e dia e observar o ritmo das horas estabelecidas; ninguém, por causa dos trabalhos prolongados, se dispense ou perca o ardor nos exercícios espirituais.
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