quinta-feira, 21 de abril de 2011

SENHORINHA DE BRAGA

Religiosa, Santa
Século X

22 de Abril

Nasceu em 924, provavelmente em Vieira do Minho. Senhorinha não era o seu nome de baptismo mas um epíteto carinhoso que lhe dava seu pai, o conde de Basto.
Fez-se monja aos 15 anos, recusando um nobre pretendente, e aos 36 anos era abadessa do mosteiro de Vieira. A sua vida foi cheia de manifestações do amor e da grandeza de Deus, tendo-lhe sido atribuídos numerosos milagres ainda antes da sua morte, ocorrida a 22 de Abril de 982.
O seu túmulo foi ao longo da Idade Média grande centro de peregrinações, contando-se entre os grandes devotos da santa os reis D. Sancho I e D. Pedro I. A igreja de S. Victor, em Braga, encerra um notável conjunto de azulejos alusivos à vida de Santa Senhorinha.

OPORTUNA DE SÉEZ

Virgem, Abadessa, Santa
† 770

22 de Abril

Oportuna foi irmã de Crodegango, bispo de Seez[1], e sobrinha de Lantilda, abadessa de um convento de beneditinas em Almeneches.
Nascida no castelo de Exmes, perto de Argentano, jovem ainda, conseguiu dos pais a permissão para consagrar-se ao Senhor. Assim, deixou o castelo, as comodidades e o convívio dos seus e foi encerrar-se num pequeno mosteiro nas vizinhanças de Almeneches.
Oportuna caminhou rapidamente pela senda da perfeição. Num átimo, conquistou o coração da comunidade toda. Humilde, sincera e prestativa, a todos encantava e edificava.
Quando a abadessa faleceu, a jovem religiosa foi escolhida, por unanimidade, para preencher a vaga. A princípio, um tanto alarmada com a responsabilidade da direcção da abadia, hesitou. Mas, depois de alguns dias de acurada reflexão, diante de uma revelação, capacitou-se de que a escolha fora dirigida pela vontade de Deus. E aceitou.
Agora como superiora, pensava Oportuna, era mister redobrar as mortificações, para dar exemplo às religiosas. E atirou-se de corpo e alma, à oração e à contemplação. E sendo muito severa consigo mesma, era caridosíssima com as filhas.
Recebeu, então, do alto, o dom dos milagres. Um deles, refere-se ao guarda-florestal da região e o burrico do mosteiro. Tendo aquele homem, um dia, pedido emprestado o burrico da comunidade, para transportar uma carrada de lenha, achou interessante ficar com o animal para si. E apossou-se do burrico.
Passaram-se dois, três dias, e nada do guarda aparecer e fazer a devolução do animal. Oportuna, zelosa com as coisas do mosteiro, lembrou-lhe o dever, mas o homem, que determinara assenhorar-se do burrico, pateava, à espera do que iria a abadessa fazer: talvez desse o caso por encerrado e então o burrico seria seu definitivamente.
Oportuna que percebera plenamente as más intenções do guarda-florestal, resolveu não mais tratar da questão com o desonesto, mas com Deus. E a Ele se dirigiu, pedindo que fizesse justiça.
Ora, uma bela manhã, quando o guarda deixou a casa e lançou os olhos pelas terras que possuía, viu que um dos seus campos estava completamente coberto por, pensava ele, espessa camada de alvíssima neve.
Qual não foi a sua surpresa quando, tendo corrido para o campo, que não ficava longe, verificou que não se tratava de nevem mas sim de sal.
Aturdido com o prodígio, logo pensou na feia acção que cometera, tendo para si o que não lhe pertencia: aquilo era, sem dúvida, uma advertência do céu. E, tornando, passou o cabresto no burrico e correu levá-lo ao mosteiro, envergonhadíssimo.
Num repente, atirou-se aos pés da santa abadessa e pediu perdão pelo que fizera. E doando ao mosteiro aquele campo, que passou a chamar-se Campo Salgado, sentiu-se o guarda com a alma mais leve. Tempos mais tarde, ali se construiu uma capela, pequenina e graciosa que se dedicou à Santa.
Oportuna também recebeu de Deus o poder de submeter os animais e as aves à sua vontade.
Certa vez, foram dizer-lhe que uma nuvem de passarinhos se abatera sobre as hortas das redondezas e estava causando um estrago terrível. Oportuna foi-lhes ao encontro. E, dizendo às avezinhas que se considerassem suas prisioneiras, passou, suavemente, a reprovar o que andavam a fazer.
Os passarinhos não podiam mover-se. Estava como que presos no chão, nas árvores, nos paus das cercas. Depois que terminou a censura, deu-lhes a santa abadessa a liberdade com a condição de que não mais entregassem aos estragos. Só então recuperaram a faculdade de locomoção.
Nem bem chegara Oportuna à abadia, e alguém veio contar-lhe que as aves, portando-se estranhamente, voando e piando tristemente, não abandonavam um determinado lugar.
Tornou então a abadessa para o meio dos pássaros. E, tendo descoberto que haviam matado um deles, por isso que chilreavam tão compungidamente e não se iam, Oportuna, tomando ternamente nas mãos a avezita morta, rogando a Deus, restituiu-lhe a vida.
Num grande bando que empanou a luz do sol, os pássaros, agora cantando alegremente, desapareceram e jamais voltaram às razias.
A trágica morte do irmão, friamente assassinado em Nonant, por um competidor, foi um golpe tremendo para a santa virgem. Nada abrandou a sua grande mágoa. Transportado para a abadia o corpo do irmão, sobre ele Oportuna chorou longamente, suplicando ao Senhor que a levasse também.
Deus ouviu-lhe os insistentes rogos. E, poucos meses depois, sabedora de que se ia do mundo, reuniu a comunidade e transmitiu-lhe a notícia.
Exortando as religiosas para que vivessem na paz, sempre unidas, a estritamente observar os votos feitos, dias mais tarde, ardendo em febre, recebeu o Corpo e o Sangue de Jesus, vendo a Virgem que lhe vinha ao encontro, e, assim, naquele doce êxtase sem par, faleceu santa e calmamente.
Morta no dia 22 de Abril de 770, o corpo da milagrosa abadessa e virgem foi sepultado no mosteiro mesmo que governara, ao lado do irmão bem-amado.
Tantos foram os milagres ali operados pelo Altíssimo que o lugar não comportava a multidão de gente vinda de toda a parte. Comprimindo-se, acotovelando-se, todos queriam abeirar-se do túmulo de Oportuna, na ânsia de conseguir as graças que lhe rogavam.
Há, na França, diversas igrejas dedicadas a Santa Oportuna.
(Livro Vida dos Santos, Padre Rohrbacher, Volume VII, p. 178 à 181)


[1] Diocese que ainda hoje existe em França.

SOTERO, PAPA

Papa, Mártir

+ 296

22 de Abril

S. Sotero foi o 12º papa entre 166 e 174.
De origem grega, Sotero nasceu em Nápoles. Conhece-se muito pouco deste papa, a não ser que seu pontificado foi marcado por seu zelo pela doutrina e pelas obras sociais.
Tradicionalmente é lembrado pelos católicos por ter enviado esmolas para muitas igrejas em todas as cidades onde os cristãos eram perseguidos.
O pontificado de Sotero coincide com o governo romano de Marco Aurélio, o “imperador filósofo”, sob o qual foram cruelmente perseguidos os cristãos. Datam dessa época os martírios de Felicidade e Perpétua, de Justino, de Policarpo de Esmirna — todos estes canonizados pela Igreja — e de milhares de fiéis.
De uma carta de Dionísio, bispo de Corinto: “precisamos e apreciamos hoje a grande caridade do papa Sotero para com os perseguidos, seus cuidados paternais em época tão difícil”.
Durante o seu pontificado, opôs-se com rigor aos hereges montanistas, cuja expansão representava um perigo iminente para a verdadeira fé. Atacando um abuso que, por influência herética, se ia introduzindo nas comunidades, proibiu que as mulheres tocassem nos vasos e ornamentos sagrados e que oferecessem incenso durante as cerimónias.
No corrente do mês de Dezembro do ano que precedeu o seu martírio, ele tinha ordenado, segundo o costume dos seus antecessores, dezoito sacerdotes, nove diáconos e onze bispos.
As suas cartas às demais Igrejas eram guardadas e lidas com veneração.
O Papa Sotero foi sepultado no cemitério que mais tarde veio a chamar-se de São Calixto.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

ANSELMO DE CANTUÁRIA

Bispo, Confessor e Doutor da Igreja, Santo
1033-1109

Luminar da Igreja no século XI

21 Abril

Bispo, Confessor e Doutor da Igreja, considerado o primeiro teólogo-filósofo, muitos de seus ensinamentos e textos passaram para o ensino comum da Igreja. Arcebispo de Cantuária, lutou denodadamente pelos direitos de sua Sé contra a prepotência de reis ingleses.
*****
Anselmo nasceu em Aosta, na Itália, filho do nobre Gondulfo e da piedosa Ermenberga, verdadeira matrona cristã. Formado na escola da mãe, entregou-se cedo à virtude e, segundo seu primeiro biógrafo, era amado por todos, tendo muito sucesso nos estudos. Bons tempos aqueles, em que as pessoas virtuosas eram amadas, e não perseguidas. Aos 15 anos já se preocupava com altas questões metafísicas e teológicas, e quis entrar num mosteiro. Mas os monges negaram-lhe a entrada, por medo de desagradar seu pai.
Não podendo ingressar na vida religiosa, Anselmo entregou-se gradualmente aos prazeres mundanos, só não chegando a excessos por amor à sua mãe, a quem não queria desagradar. Mas essa âncora, que ainda evitava que ele se afogasse no mar do mundo, faltou-lhe. Com o falecimento de sua genitora, quando Anselmo tinha 20 anos, seu pai tornou-se mal-humorado e violento, maltratando freqüentemente o filho. Anselmo resolveu então fugir de casa, acompanhado só por um servo. Vagou pela Itália e pela França, conheceu a fome e a fadiga, até que chegou ao mosteiro de Bec, na França, onde havia a escola mais afamada do século XI, dirigida por seu famoso conterrâneo, Lanfranco.

Discípulo suplanta o mestre

Anselmo tornou-se discípulo e amigo de Lanfranco, e entregou-se então vorazmente ao estudo, esquecendo-se às vezes até das refeições e recreação. “Seus progressos eram tão admiráveis quanto sua amabilidade, e logo foi tido como um prodígio de saber e seus condiscípulos creram que fazia milagres, por sua piedade e virtude”.
Apesar de todos seus sucessos, Anselmo tinha uma grande perplexidade: “Estou resolvido a fazer-me monge; mas, onde? Se vou para Cluny, todo o tempo que dediquei às letras terá sido perdido para mim; e o mesmo se permaneço em Bec. A severidade da disciplina em Cluny e a ciência de Lanfranco, em Bec, tornarão inúteis todos meus estudos. Assim pensava, em meu orgulho. Mas, em meio à luta, senti a ajuda divina: O quê?! É próprio de um monge buscar as honras, os louvores, a celebridade? Claro que não. Pois bem, far-me-ei monge onde possa pisotear minhas ambições, onde seja estimado menos que os demais, onde seja pisoteado por todos”.
E resolveu permanecer em Bec, onde foi ordenado sacerdote em 1060. Mas se ele fugia das honras, estas o perseguiam. Em 1066 foi eleito Abade de Bec. E seu primeiro biógrafo, Eadmer, conta a pitoresca e comovente cena ocorrida nessa ocasião, típica da Idade Média: o eleito abade prosterna-se diante de seus irmãos, pedindo-lhes com lágrimas que não o onerassem com aquele fardo, enquanto os irmãos, também prosternados, insistem com ele para que aceite o ofício.
Sob sua direção, Bec alcançou sua maior celebridade, sendo para a Normandia e Inglaterra o que Cluny era para a Borgonha, França e Itália.
Em Bec, “escreveu vários de seus livros, que abrem um novo caminho para o estudo da Teologia e se distinguem pela profundidade de pensamento, delicadeza de investigação, ousado vôo metafísico que, não obstante, nunca se separa do terreno da fé tradicional”.

Combates em defesa da Fé

No século XI, a importância de um abade era enorme, pois estava ligada a todo o movimento religioso e político do país. Assim, Anselmo teve que viajar várias vezes para a Inglaterra, por interesses de seu  convento. Lá encontrou novamente Lanfranco, então Arcebispo de Cantuária, tornando-se também muito estimado na corte. “Guilherme, o Conquistador, ele próprio tão temível e inacessível aos ingleses, se humanizava com o Abade de Bec e parecia tornar-se todo outro em sua presença”.
O amável abade era uma figura imponente e majestosa, mas sempre serena. A calma era um dos seus traços característicos. Era também um grande lutador: “Enquanto luta com os senhores da região em defesa de seu mosteiro, defende a pureza da fé contra Berengário, discute com os hereges e confunde o racionalista Roscelino”.
Em 1087, Guilherme II, o Ruivo, sucedeu seu pai no trono da Inglaterra. Príncipe “que temia a Deus muito pouco, e nada aos homens”, tornar-se-ia um espinho na vida de Anselmo. Ele se apoderava das rendas das sés vacantes e, para gozar mais esses privilégios, não queria nomear novos bispos para as preencherem.
Ora, Anselmo, que já havia sucedido Lanfranco como Abade de Bec, foi escolhido pelo povo para sucedê-lo também, à sua morte, na sé de Cantuária. Disso não queria saber nem o abade, por humildade, nem o rei, por prepotência, pois dizia: “O Arcebispo de Cantuária sou eu!”.

Arcebispo de Cantuária contra a vontade

A Providência veio resolver o caso. Atacado por estranha doença, o rei viu-se reduzido a uma situação extrema, e temeu por sua alma. Os prelados e barões então pressionaram-no para que não deixasse mais vacante a Sé de Cantuária; e ele, acedendo aos desejos do clero e do povo, nomeou Anselmo.
Como este continuasse recusando o cargo, sucedeu então outra cena que só podia acontecer naqueles tempos: “Ele [Anselmo] foi arrastado à força até o lado do leito do Rei, um báculo foi enfiado em sua mão fechada, e o Te Deum foi cantado”.8 Contra a vontade, Anselmo tornou-se assim Arcebispo de Cantuária.
Entretanto, o arrependimento do rei foi-se com a doença. Apenas restabelecido, tentou dobrar o Arcebispo, que se opôs à alienação das terras da arquidiocese em favor de apaniguados do rei. Começou uma verdadeira batalha entre altar e trono, e Anselmo preferiu exilar-se no continente a ceder nos princípios. Essa tendência absolutista dos soberanos ingleses manifestar-se-á no século seguinte com o martírio de São Tomás Becket, e, no século XVI com o cisma de Henrique VIII.

Luminar do Concílio de Bari

Em Roma, Anselmo foi recebido por Urbano II, que o convenceu a voltar para sua diocese. Mas antes participou ele do Concílio de Bari, em 1098, do qual foi um dos luminares, desfazendo o sofisma dos gregos, que negavam que o Espírito Santo procede do Pai e do Filho. Para isso pronunciou belo discurso, que depois se tornou um tratado intitulado Da procedência do Espírito Santo. Na Itália escreveu outro tratado, Cur Deus homo, e regressou à Inglaterra em 1100, a pedido de Henrique, que sucedera no trono a seu pai, Guilherme, morto impenitente durante uma caçada.
Para melhor praticar a obediência, Anselmo havia pedido ao Papa que lhe desse alguém a quem ele pudesse se submeter em todas as ações, como um monge ao seu superior. O Papa designou para esse ofício o monge Eadmer, que se tornou amigo íntimo, discípulo e biógrafo do Santo.

Desterro do Santo Arcebispo

Henrique II, querendo assegurar para si o trono em detrimento de seu irmão mais velho, Roberto, que voltava da Cruzada na Terra Santa, restituiu à Igreja todos seus antigos direitos e prometeu não vender as prebendas vacantes nem arrendá-las ou retê-las em benefício do Tesouro. Por uma série de medidas assim também no campo civil, obteve a simpatia do clero e povo em seu favor.
Quando Roberto chegou à frente de um exército, para reivindicar seus direitos, o Arcebispo Anselmo obteve que os ingleses permanecessem na fidelidade a Henrique II, e que ambos entrassem num acordo pelo qual Roberto ficaria com a Normandia e passaria a receber uma renda anual de três mil marcos. Para mostrar que o filho não era melhor que o pai, na primeira oportunidade Henrique atacou Roberto de surpresa, derrotou-o, e fez prisioneiro até o fim da vida.
Também a aliança entre Henrique II e Anselmo em breve se rompeu devido à contínua questão das investiduras. O Arcebispo mantinha-se firme, escudado pelos decretos de Bari e Roma, e o rei alegava o que considerava prerrogativas da Coroa.
Para resolver a questão, Santo Anselmo resolveu ir mais uma vez a Roma. Mas ao voltar foi impedido de entrar no país, e teve que permanecer três anos no desterro, no continente. Sob pena de excomunhão lançada pelo Papa, Henrique II finalmente chegou a um acordo com o Arcebispo, que pôde voltar assim à sua Sé.

Homem de governo, de letras, santo

Os últimos anos da vida de Anselmo transcorreram em atividades para a reforma de sua diocese e em trabalhos literários.
“A virtude havia feito dele o tipo do homem de governo, se bem que a posteridade o tenha recordado sobretudo como homem de letras, poeta, filósofo, polemista e escriturista. Em seus cantos a Maria, a facilidade e o sentimento não cedem em nada ao frescor e sinceridade da inspiração”.
Seis meses antes da morte, Santo Anselmo foi tomado por extrema fraqueza, que não lhe permitia sequer celebrar o Santo Sacrifício. Ele se fazia transportar diariamente à capela para assisti-la.
Na véspera de sua morte, esse homem fecundo, sempre em elucubrações metafísicas e teológicas, lamentava que não tivesse tido tempo para escrever um tratado sobre a origem da alma, tema sobre o qual havia meditado constantemente.
Enfim, carregado de anos e de virtude, faleceu no dia 21 de abril de 1109, sendo canonizado pelo Papa Alexandre III.
Plínio Maria Solimeo

CONRADO DE PARZHAM

Frade capuchino, Santo
1818-1894

21 de Abril

João Birndorfer era o penúltimo dos dez filhos de Bartolomeu e Gertrudes, um casal de alemães católicos de profunda fé, que nasceu na pequena aldeia de Parzhan, em 1818, na Baixa Baviera.
Iniciou sua vida de oração, humildade e caridade quando ainda era menino e chamava a atenção pelos longos momentos em que permanecia em contemplação e penitência. Devemos ressaltar esses "longos momentos", que eram, na verdade, todo o tempo em que não estava na escola ou trabalhando com os pais nas propriedades rurais que a família possuía no vale do Rott, em Passavia.
João tinha quatorze anos quando perdeu a mãe. Dois anos depois, ficou órfão também de pai e resolveu entregar-se de vez à religião. Até os trinta e um anos de idade, permaneceu trabalhando com a família nos campos, mas, sentindo-se chamado à vida religiosa, entrou para o mosteiro-santuário dos capuchinhos de Santa Ana em Altoetting, onde vestiu o hábito de monge e assumiu o nome de Conrado, depois de dividir toda a sua fortuna com os pobres. Os anos que restaram de sua vida foram vividos trabalhando na mais completa humildade como porteiro daquele mosteiro-santuário.
Foram quarenta e três anos de dedicação ao próximo, principalmente quando se tratava de desamparados, mendigos, doentes, viúvas, crianças órfãs etc. Devoto de Maria e da eucaristia, era dotado de muitos dons, dentre os quais o que mais se destacava era o da profecia. O mosteiro de Santa Ana recebia, anualmente, milhares de romeiros que procuravam o santuário ali existente e todos voltavam para suas terras louvando o conforto espiritual e a ajuda material que recebiam de Conrado.
Ele, no seu ministério de evangelização quase silencioso, provocou um despertar de fé na região, cooperando com a obra benéfica em favor da infância abandonada e perigosa, conhecida na época com o nome de Liebeswerk, ganhando em vida a fama de santidade.
Morreu em 1894, após longos anos de jejum e penitências numa vida, à primeira vista, rude, mas que era pautada na simplicidade cristã, paciente e operosa, voltada para o amor ao próximo na figura de Jesus Crucificado, da Virgem Santíssima e da santa eucaristia.
Aprovados os milagres atribuídos à sua intercessão, depois de sua morte, o papa Pio XI beatificou-o em 1930 e, depois de uma rapidez insólita no processo de canonização, em 1934 ele próprio o inscreveu no livro dos santos. A festa litúrgica de são Conrado acontece no dia 21 de abril, dia de sua morte.

MAXIMIANO DE CONSTANTINOPLA

Arcebispo, Santo
+ 434

21 de Abril

Maximiano foi arcebispo de Constantinopla entre 25 de Outubro de 431 até à sua morte, em 12 de Abril de 434.

Primeiros anos e a deposição de Nestório

Em seus primeiros anos, Maximiano levou uma vida monástica e tornou-se presbítero. O facto de ter construído, à sua custa, túmulos para abrigar os restos de homens santos conseguiu para ele uma reputação de santidade.
As decisões do primeiro Concílio de Éfeso, atiraram as igrejas de Constantinopla na desordem. Uma grande parte dos cidadãos da cidade tinham muito apreço por Nestório, o arcebispo anterior, condenado no concílio. O clero, em uníssono, concordava com o anátema proferido ali. Quando a deposição se tornou um facto que não mais poderia ser disputado, uma grande excitação antecedeu à eleição de seu sucessor, com diversos candidatos à posição. Após quatro meses, chegou-se a um acordo em torno da eleição de Maximiano, ainda que Sócrates Escolástico afirme Maximiano só foi eleito por intervenção de “pessoas influentes”, pois o preferido era Próclo, que acabaria por sucedê-lo.

Tentativa de comunhão e anos finais

Em seus princípios, ele seguia os arcebispos anteriores, Crisóstomo, Ático e Sisínio. O Papa Celestino I escreveu para ele em termos elogiosos quando foi eleito, por voto unânime do clero, do imperador romano e do povo. A carta de Maximiano anunciando ao Papa a sua ascensão se perdeu, mas a que foi endereçada à São Cirilo sobreviveu, com sua grande elogia à constância de Cirilo na defesa da causa de Jesus.
Era o costume que os ocupantes de sedes episcopais importantes, quando eleitos, enviassem cartas sinodais para os mais importantes bispos do mundo cristão, pedindo-lhes a afirmação de sua comunhão. Heládio de Tarso rejeitou a comunhão, e podemos concluir que Eutério de Tiana, Himério de Nicomédia e Doroteu de Marcianópolis também, pois Maximiano depôs todos eles. O Patriarca de Antioquia, João, aprovou a recusa do bispo de Tarso e o elogiou por ele ter se recusado a incluir o nome de Maximiano nos dípticos de sua igreja.
O apelo por comunhão de Maximiano continou por algum tempo. O Papa Sixto III escreveu-lhe diversas vezes, urgindo-o a estender a sua caridade para todos os que pudesse se reconciliar. Maximiano não poupou esforços e, ainda que ele estivesse muito próximo de Cirilo de Alexandria, ele o pressionou fortemente para que desistisse de seus anátemas, que parecia então ser um obstáculo insuperável à reunião. Ele chegou até mesmo a escrever para o secretário do imperador, Aristolau, o tribuno, que estava muito interessado na paz, quase que reclamando que ele não pressionava Cirilo o suficiente sobre o assunto; e para o seu arquidiácono, Epifânio.
Uma vez restaurada a harmonia, João de Antioquia e os demais bispos do oriente escreveram à Maximiano uma carta de comunhão, indicando-lhe seu consentimento a respeito da eleição e à deposição de Nestório. Cirilo também escreve para ele, atribuindo o resultado à força de suas orações. Uma carta a Maximiano, de Aristolau, que o arcebispo fez ler em sua igreja para o povo, foi considerada espúria por Doroteu de Marcianópolis, por tomar partido de Maximiano de maneira tão decisiva.
Maximiano morreu em serviço. De todas as suas cartas, apenas a endereçada a São Cirilo sobreviveu.

terça-feira, 19 de abril de 2011

TEODORO DE AMASEA

Presbítero, Bispo, Santo
† 613

20 de Abril

A história em que a vida de Teodoro se insere é mergulhada num verdadeiro palco romântico, já iniciando pelo seu nome que quer dizer “dom de Deus”. O seu guia seria S. Jorge, o santo guerreiro, que era também o santo por excelência da sua mãe, que nele depositou a sua fé por ter salvado Teodoro no seu parto difícil. Ainda menino, procurava locais que pudessem dar-lhe a paz para a sua meditação e oração. Um pouco mais crescido, escavou acima da capela de S. Jorge uma gruta que o abrigava longe de todos e perto de Deus. Foi iniciando desta maneira a sua vida religiosa que conseguiu atrair a multidão que curiosa e desejosa dos seus actos.
Não tardaria e Teodoro seria ordenado sacerdote por um bispo da vizinha cidade de Anastasiópolis, o que intensificaria a sua vida de penitências. O povo novamente tomou o seu partido e elegeu-o como bispo de Anastasiópolis. Nesse novo cargo permaneceu dez anos sempre pedindo para ser substituído, o que foi concedido pelo Imperador e pelo patriarca de Constantinopla que lhe restituíram a sua pequena condição – grande – de monge. Era querido e amado pelo povo que o perseguia a fim de pedir as orações e as intervenções do santo que tantos milagres fazia. Partiu para o Céu em 613 concretizando os seus ideais e espalhando a palavra de Deus por onde passava.

MARCELINO DE EMBRUN

Bispo, Santo
+ 374

20 de Abril

Com Domingos e Vicente, Marcelino viera da África para evangelizar os Alpes franceses. Enviou os dois companheiros para os Baixos Alpes, reservando para si Embrun e os Altos Alpes. Construiu uma igreja nesta cidade e convidou santo Eusébio de Verceil (piemonte) a vir consagrá-la. Este santo fê-lo e conferiu a Marcelino a sagração episcopal.
Narra-se que, regressando duma excursão apostólica, Marcelino encontrou umas mulas que transportavam trigo. Um dos almocreves praguejava contra uma que morrera de esgotamento. “Ah! Exclama ele agarrando o Bispo, aqui está quem me vai livrar de dificuldades”. Marcelino deixou que o oprimissem, tomou a carga e levou-a, substituindo a mula. Mas quando os cristãos o viram chegar naquele preparo, quiseram fazer em postas o velhaco que assim tinha tratado o pastor que a eles chegara; mas este não deixou tal coisa: “Não lhe façam mal nenhum, disse, porque só me fez bem. Não me permitiu imitar um pouco Aquele que tomou sobre si os nossos pecados e quis levar a cruz da nossa salvação?” Está claro que um amor assim a Nosso Senhor não podia deixar de fazer de Marcelino um grande convertedor. A todos os seus méritos deve acrescentar-se o de combater o arianismo, que desejava Constante I impor ao Ocidente. Teve de fugir muitas vezes para os montes, a fim de escapar aos funcionários imperiais, encarregados de o prender. A morte de Constâncio (+ 361) restituiu-lhe a liberdade. S. Marcelino morreu a 13 de Abril de 374.

EMA DA SAXÓNIA

Leiga e Santa
+ 1040

19 de Abril

Ema da Saxónia morreu em 19 de abril de 1040. No mosteiro de São Ludgero, na Alemanha, inexplicavelmente longe da Saxónia, conserva-se uma relíquia desta santa: uma mão prodigiosamente intacta.
Ela, de origem alemã, nasceu no berço de uma família muito religiosa e cristã. Era irmã de Meginverco, bispo da cidade de Paderborn, que também se tornou santo. Muito nova foi dada em matrimónio para Ludgero, conde da Saxónia, que a deixou viúva um ano depois do enlace. Muito devota, bonita, rica e sem filhos, não desejou se casar novamente. E se manteve constante em seu novo projeto de vida, que foi a total dedicação às obras de caridade.
"A mulher estéril", diz a Bíblia, "será mãe de muitos filhos." Assim foi com Ema. Generosa nas doações e no atendimento ao próximo, mas austera e intransigente consigo mesma, procurou a perfeição no difícil estado de viuvez, uma condição bastante incômoda para uma mulher que ficou só e muito rica.
Ela, entretanto, potenciou sua fecundidade espiritual e administrou seu património em benefício dos pobres e órfãos por meio das instituições assistenciais. Quarenta anos depois, por ocasião de sua morte, ela já não possuía mais nada neste mundo, tendo transferido, por sua caridade, seus bens ao tesouro do paraíso, onde, no dizer de Jesus, "As traças e a ferrugem não consomem, nem os ladrões roubam" (Mt 6,20).
A escolha de Ema não foi uma fuga perante as responsabilidades familiares, mas uma opção em favor de um serviço mais amplo aos necessitados, em nome de Jesus Cristo, que nos deixou o exemplo de dar sua vida pela salvação dos seres humanos. Aliás, o apóstolo Paulo louva a opção das viúvas que se dedicam unicamente ao Senhor e ao serviço comunitário da diocese, de tal modo que, nos primeiros séculos do cristianismo, existia uma espécie de associação de viúvas que trabalhavam distribuindo as esmolas dadas aos pobres pela Igreja.
Ema havia escolhido esta maneira de servir a Deus, a mais difícil e rara. Sua mão se conservou intacta, nove séculos e meio após sua morte, sem dúvida como um sinal certo da sua mais característica virtude: a generosidade.
Esta verdadeira serva de Cristo auxiliou o seu esposo celestial com a oração e a caridade, merecendo a devoção não de um marido, mas de milhões de cristãos. A Igreja a declarou santa e oficializou o seu culto público, que já era celebrado havia mais de nove séculos, no dia de sua morte. O corpo de santa Ema da Saxónia, sem aquela mão de que se falou, repousa na catedral de Bremen, Alemanha.

INÊS DE MONTEPULCIANO

Religiosa, Mística, Santa
1268-1317

20 de Abril

Ela nasceu em Gracchiano-Vecchio, Toscania, Itália em 1268.Inês era muito simples e alguns das mais conhecidas lendas aconteceram em sua infância. A  começar pelo seu nascimento quando sua casa foi cercada por muitas luzes em um tempo onde não havia luz eléctrica. Em sua infância ela foi especialmente marcada por dedicação a Deus: ela passava horas recitando o Padre Nosso e Ave Marias no canto de seu quarto. Quando atingiu 6 anos ela já pedia aos seus pais que queria entrar em um convento. Quando eles disseram a ela que era muito jovem ela implorou que eles mudassem para Montepulciano de modo que ela pudesse fazer visitas mais frequentes ao convento de lá.
Por causa da instabilidade política, seu pai estava com receio de mudar de um lugar seguro, mas permitiu que ela visitasse com mais frequência as freiras.
Em uma de suas visitas um evento ocorreu que todos os autores dizem que teria sido profético. Inês estava em Montepulciano com sua mãe e com uma mulher da casa, quando elas passaram por uma colina onde havia um bordel e um bando de corvos, voando baixo, atacaram a garota. Bicando eles conseguiram arranhar a menina antes que as mulheres pudessem afasta-los. Surpresas com o ataque mas seguras de si elas disseram que o ataque devia ser coisa do demónio  que ressentia a pureza da pequena Inês a qual um dia os afastaria daquela colina. Como de fato anos mais tarde, Inês construiu um convento na mesma colina. Quando ela atingiu nove anos ela insistiu que havia chegado o tempo e entrou para o Convento del Sacco. Ela foi permitida a ir com um grupo de Franciscanas em Montepulciano os quais vestiam o máximo em simplicidade. A sua roupa era feita na forma de uma saco, daí o nome de “freiras do saco”. A rica menina de Segni não ficou nem um pouco preocupada com a crua simplicidade das vestes. Sua formação religiosa foi entregue a experiente irmã Margarete e Inês logo surpreendeu a todos pelo seu excepcional progresso. Por  5 anos ela teve uma paz completa que ela jamais voltaria a ter. Aos 14 anos foi indicada como auxiliar da tesoureira e nunca mais ficou sem sentir alguma responsabilidade pelos outros.
Durante algum tempo Inês alcançou um alto degrau de contemplação e foi abençoada com varias visões. Uma das mais lindas foi a da ocasião da Visita da Virgem. Nossa Senhora veio com o Divino Infante em seus braços e permitiu que Inês o tocasse e o segurasse. Como não quisesse solta-Lo, quando a Virgem foi de novo segura-Lo ela não O soltou, e assim ela acordou de seu êxtase e a Virgem e o Jesus haviam partido, mas Inês estava agarrada a um lindo crucifixo de ouro. Ela passou a usa-lo com uma corrente em seu pescoço e o guardou toda sua vida  como um tesouro precioso.
Doutra feita Nossa Senhora deu a ela três pequenas pedras e disse a ela que ela deveria construir  um convento com elas algum dia. Inês respondeu que não estava indo a lugar algum naquele momento, mas a Virgem disse a ela para guardar as pedras, três em honra da Santíssima Trindade que um dia iria precisar delas.
Algum tempo depois um novo convento Franciscano abriu em Procena, perto de Orvieto e as irmãs pediram as freiras de Montepulciano que enviassem uma madre superiora. Irmã Margarete foi seleccionada, mas estipulou que Inês deveria ir com ela para ajudar na fundação da nova comunidade. Ali  Inês serviu como “dona de casa” uma grande responsabilidade para uma jovem de 14 anos. Logo muitas outras jovens entraram para o Convento de Procena simplesmente porque  sabiam que Inês estava lá.
Para preocupação de Inês ela foi escolhida como Abadessa. Como ela só tinha 15 anos, uma dispensa especial seria necessária. Diz a tradição que o Papa Nicolau IV teve uma visão para permitir que ela tomasse o Ofício. No dia que ela foi consagrada Abadessa, uma chuva de cruzes bancas flutuavam dentro da capela e em volta das pessoas. Parecia ser uma comemoração celestial a uma situação bastante extraordinária. Uma menina sendo consagrada Abadessa!
Por 20 anos Inês viveu em Procena. Ela era uma Superiora cuidadosa e algumas vezes fazia milagres para aumentar o suprimento de pão quando este estava pouco no Convento. Ela orava a e despensa milagrosamente ficava repleta de pão. A disciplina da irmã era legendária. Ela viveu de pão e água por 15 anos. Dormia no chão, com uma pedra como travesseiro. É dito, que em suas visões, os anjos traziam a sua Sagrada Comunhão.
É dito também que quando ela se ajoelhava para orar, os lírios ou rosas por perto desabrochavam imediatamente.
Quando suas visões de Cristo, Nossa Senhora e anjos ficaram conhecidos; os cidadãos de Montepulciano a chamaram de volta para uma pequena estadia. Ela foi sem muita vontade, porque não gostava de deixar sua clausura. Mas logo que chegou ficou sabendo que eles haviam a chamado para construir um novo convento. Uma visão disse a ela para deixar os franciscanos e que ela seria no futuro uma Dominicana. Em 1306 Inês retornou a Montepulciano  e iniciou a construção  do convento no local do antigo bordel. Tudo que ela tinha eram as três pedras dadas a ela pela Virgem Maria e Inês que tinha sido tesoureira e conhecida um pouco sobre o que fazer. Após uma discussão com os habitantes da colina onde ela queria a fundação, a terra foi finalmente obtida e o Prior servita colocou a primeira pedra. Inês terminou a construção do Convento e da Igreja que se chama Santa Maria Novella, bem antes do tempo normal e com várias aspirantes a conseguir  vagas no novo Convento.
Inês estava convencida que a nova comunidade precisava ser ancorada em uma Constituição ou Regras bem estabelecidas para obter de Roma a licença permanente. Ela explicou que as Regras deveriam ser Dominicanas . O novo Convento foi aprovado e ela foi indicada como Abadessa e os Dominicanos concordaram em providenciar os capelães e as directrizes para a nova comunidade.
Com a idade de 49 anos a saúde de Inês começava a decair rapidamente. Santa Inês veio a falecer  logo depois, em 20 de abril de 1317, e disse as irmãs que estavam com ela: Vocês descobrirão que eu não as abandonarei. Eu estarei contigo para sempre.
Ela foi enterrada em Montepulciano e seu túmulo  logo se tornou local  de peregrinação e vários milagres ocorreram junto de sua tumba. Por isso  sua tumba foi aberta para que o seu corpo fosse trasladado para uma igreja Dominicana e verificaram que seu corpo estava incorrupto. Ela passou a ser guardado em um Santuário na Capela do Convento.
Uma das mais famosas peregrinas  visitar seu Santuário foi Santa Catarina de Sena que foi para venerar a santa e também visitar uma sobrinha de nome Eugenia que era freira no convento. Quando ela se inclinou para beijar os pés de Inês, ficou maravilhada ao ver que Inês levantava o seu pé suavemente de encontro aos lábios de Catarina.
Em 1435 seu corpo incorrupto foi levado para um lindo Santuário em uma igreja Dominicana em Orvieto onde está até hoje. O Papa São Clemente VIII aprovou um Oficio para uso na Ordem de São Domingos e inseriu seu nome no Martirológio Romano. Ela foi canonizada pelo Papa Bendito XIII em 1726.
Ela é padroeira de Montepulciano.

LEÃO IX, PAPA

Papa e Santo
1002-1054

19 de Abril

Bruno nasceu no ano 1002 na nobre família dos Dagsburgo, ou Asburgo, como ficou sendo grafado depois, e veio ao mundo com algumas manchas no corpo, como que predestinado, naquele início de segundo milênio. Sua mãe, santa Heilwiges, era uma católica fervorosa, viu que a pele do menino apresentava, ao nascer, muitas manchas vermelhas, formando cruzes por todo o corpo.
Ficou na casa paterna, freqüentada pela nobreza da corte, até os cinco anos de idade, quando sua mãe o confiou ao bispo de Toul, Bertoldo, que, com o passar dos anos, o fez doutorar em direito canônico. Ordenando-se sacerdote, foi atuar junto ao seu primo Conrado, que tinha posição de destaque no Império, ali trabalhando pela religião e pela comunidade, cuidando de complicadas tarefas administrativas. Seu trabalho o fez ser eleito bispo de Trèves em 1026, quando implantou e desenvolveu uma reforma profunda nos conventos e na própria forma de evangelização na sua diocese.
Está registrado que, paralelamente ao trabalho desenvolvido em favor da Igreja nas altas rodas do governo e da sociedade, Bruno mantinha, ao mesmo tempo, uma atitude disciplinada e fervorosa quanto aos preceitos da caridade. Para dar exemplo de humildade, diariamente recebia pobres em seu palácio, alimentava-os e repetia a cerimônia do lava-pés, tendo-os como seus discípulos. Liderava também, anualmente, uma peregrinação aos túmulos de são Pedro e são Paulo, em Roma.
Nada disso passou despercebido. Quando faleceu o papa Dâmaso II, Bruno foi eleito, por unanimidade, para o trono de Pedro. Mas recusou. É que a eleição ocorreu em um Concílio convocado pelo imperador da Alemanha, Henrique III, em Worms. Compareceu enorme número de bispos, prelados, embaixadores e príncipes, referendando o nome de Bruno, mas o bispo só aceitou o cargo depois que o mesmo ocorreu em Roma, quando seu nome foi de novo consagrado por unanimidade, em 1049, na própria basílica de São Pedro.
Ele assumiu e adotou o nome de Leão IX, passando para a história por sua atuação memorável como papa. Citando alguns exemplos: reorganizou a disciplina eclesiástica, implantando nova disciplina e a volta dos preceitos originais do cristianismo nos sínodos de Latrão, Pavia, Reims e Mogúncia; acabou com os abusos da simonia, isto é, com a cobrança para as indulgências dos pecados, e o casamento dos clérigos; criou cardeais de outras nações e não só italianos, como se fazia então; selou a paz entre a Hungria e a Alemanha, evitando uma guerra iminente.
Há duas passagens mais na vida do papa Leão IX, uma dolorosa e outra heróica. A dolorosa se refere ao cisma provocado por Miguel Cerulário, patriarca de Constantinopla, que rompeu com Roma e separou a Igreja em duas, e que este papa não conseguiu evitar.
A heróica, também triunfal, foi quando os normandos buscavam dominar a Europa e invadiram a Itália. Já haviam capturado as províncias de Apúlia e Calábria, quando o papa conseguiu reforços do imperador, pegou em armas e liderou os soldados contra os invasores. Evitou a tomada de Roma, mas caiu prisioneiro dos inimigos. Embora tratado com muito respeito pelos adversários, a batalha minara sua saúde.
De volta a Roma, morreu em 19 de abril de 1054. Celebrado neste dia, daquela época até hoje, são milhares as graças e milagres ocorridos, por sua intercessão, aos pés de seu túmulo.

EXPEDITO DA ARMÉNIA

Leigo, Mártir, Santo
Século IV

19 de Abril

Santo Expedito foi martirizado na Arménia. Ele era militar, foi decapitado no dia 19 de abril de 303, sob o imperador Dioclesiano, que subira ao trono de Roma em 284.
Levava uma vida devassa; mas um dia, tocado pela graça de Deus, vendo uma grande luz, tudo mudou em sua vida. Foi então que lhe apareceu o Espírito do mal, em forma de corvo, e lhe segredou “cras....! cras....! cras....!” palavra latina que quer dizer : “Amanhã...! amanhã...! amanhã...!, isto é ― Deixe para amanhã! Não tenha pressa! Adie sua conversão!” Mas Santo Expedito, pisoteando o corvo, esmagou-o, gritando: “HODIE! Quer dizer: HOJE! Nada de protelações! É pra já!” É por isto que o Santo Expedito é invocado nos casos que exige solução imediata, nos negócios em que qualquer demora poderia causar prejuízo.
No Brasil, sobretudo, Santo Expedito é invocado nos negócios, o santo da “ultima hora”, num sim, sem adiamentos.

Origem histórica:

Mártir de Metilene, é pouco conhecido dos historiadores, mas sua existência é certa. Santo Expedito, segundo a tradição, era arménio, não se conhecendo o lugar de seu nascimento, mas parece provável que seja Metilene, localidade onde sofreu seu martírio. A Arménia é uma região da Ásia Ocidental, situada ao Sul do Cálcaso, entre o Mar Negro e o Mar Cáspio, nas margens dos Rios Tigre e Eufrates. Essa região foi sempre considerada uma terra de predilecção. Aliás, pelo testemunho da Sagrada Escritura, foi sobre as montanhas arménias do Ararat que a Arca de Noé pousou quando as águas do dilúvio baixaram (Génesis, 8.5).
A Arménia foi uma das primeiras regiões a receber a pregação dos apóstolos Judas Tadeu, Simão e Bartolomeu, mas também local de inúmeras perseguições aos cristãos. Essa região foi regada com o sangue de muitos mártires, entre eles Santo Expedito. Sua cidade natal (com toda probabilidade) não passa hoje de uma pequena localidade chamada Melatia, cidade construída no século II pelo imperador romano Trajano. A partir de Marco António, tornou-se residência da 12ª Legião, conhecida como “Fulminante”, cuja missão era defender o império romano dos bárbaros asiáticos.
Hoje Metilene é uma cidade mística e simples, onde sua população vive em calma, longe das agitações políticas. Além de Santo Expedito, que foi levado à morte a 19 de Abril de 303, sob o poder de Deocleciano, lá veneram-se outros Santos mártires, entre eles: São Polieucto, outro oficial do exército romano que foi martirizado no século III.
Deocleciano subiu ao trono de Roma em 284. Por seu ambiente e por seu caráter, parecia oferecer aos cristãos garantias de benevolência, pois havia em seu palácio a liberdade de religião, sendo, inclusive, sua esposa Prisca e sua filha Valéria, cristãs, ou ao menos, catecúmenas. Sob influências de Galero, seu genro, pagão convicto, determinou a perseguição dos cristãos, ordenando a destruição de igrejas e livros sagrados, a cessação das assembleias cristãs e a abjuração de todos os cristãos. Galero, sempre incitado por sua mãe, também pagã, queria abolir para sempre o Cristianismo e através de insinuações maldosas e hábeis calúnias, fez crer a Deocleciano, que o cristianismo conspirava de várias formas contra a augusta pessoa do imperador. Deocleciano, então, empreendeu a exterminação sistemática dos cristãos, envolvendo, inclusive, os membros de sua própria família e os servidores de seu palácio. Foi uma hecatombe sangrenta: oficiais, magistrados, o bispo da Nicomédia (Antino), padres, diáconos, simples fiéis foram assassinados ou afogados em massa. Somente em 324, com a retomada da autoridade do imperador cristão Constantino, foi que tiveram fim as terríveis perseguições que durante três séculos tinham ensanguentado a Igreja.
Para fazer a novena de Santo Expedito é necessário orar durante nove dias seguidos, sozinho ou em grupo. Deve-se rezar um credo, depois a oração a Santo Expedito, sem esquecer de pedir a benção desejada. Em seguida, um Pai Nosso e ascender uma vela. Para finalizar diga: "Gloria ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, agora e sempre pelos séculos Amém". Durante os nove dias peça perdão a Deus por seus pecados e mantenha bons pensamentos. Depois resta apenas ter fé e esperar pela graça.

domingo, 17 de abril de 2011

SABINA PETRILLI

Religiosa, Fundadora, Beata
1851-1923


18 de Abril

Nasceu em Sena em 29 de Agosto de 1851, segunda filha de Celso e Matilde Venturini. Aos 15 anos inscreveu-se na Congregação das Filhas de Maria e é rapidamente eleita presidente. Dentro de um ano fez o seu primeiro voto de virgindade. Em 1869 é recebida pelo Papa Pio IX que a exorta a seguir a norma de Santa Catarina de Sena. Em 15 de Agosto de 1873 na capelinha da casa com outras cinco companheiras ela faz o voto de castidade, obediência e pobreza na presença do confessor e com a aprovação do Mons. Enrico Bindi que concede a primeira licença para iniciar uma obra em beneficio dos pobres.
A nova família religiosa recebe o nome de Congregação das Irmãs dos Pobres de Santa Catarina de Sena. Em 1881 Madre Sabina inicia a fundação do Convento em Viterbo e em 1903 a primeira missão em Belém, no Brasil. A Constituição da Congregação, já enviada ao pontífice, é aprovada em 17 de Junho de 1906.
Sucessivamente Madre Sabina toma o voto de “não negar voluntariamente ao Senhor”, o voto de “perfeita obediência” e ao Director Espiritual o voto de “não lamentar-se deliberadamente de nenhum sofrimento externo e interno”e o voto de “completo abandono ao vontade do Senhor”.
Savina Petrilli faleceu em 18 de Abril de 1923 as 17,20 horas.
Com 25 casas na Itália, a Congregação opera no Brasil, Argentina, Estados Unidos, Filipinas e Paraguai. O carisma transmitido pela Madre Sabina e a sua vontade de viver radicalmente para o sacerdócio de Cristo na adoração total e na total dependência da vontade do Senhor, faz como centro de sua via a Eucaristia, continuar a missão de Cristo, o serviço da evangelização, promover a fraternidade e ajudar o próximo, em  especial aos pobres. Pela visão de  Madre Sabina, a pobreza é um Sacramento de Cristo e pode ser considerado com mistério da fé tal qual a Eucaristia.
Assim a Congregação está sempre a serviço da pobreza e de todos que sofrem e são oprimidos.
O Papa João Paulo II proclamou-a Beata na Praça de São Pedro em 24 de Abril de 1988.

MARIA DA ENCARNAÇÃO

Bárbara Avrillot
Introductora do Carmelo em França
1566-1618

18 de Abril

Ela nasceu em Paris, no dia 1o de fevereiro de 1566, e se chamava Bárbara Avrillot, filha do senhor de Champstreaux, riquíssimo, influente na corte francesa e na vida religiosa por ser um homem muito devoto, assim como sua descendência.
Como era costume na época, apenas adolescente Bárbara foi enviada às Irmãs Menores da Humildade de Nossa Senhora, que habitavam nas proximidades. Regressou à família aos catorze anos e não pôde optar pela vida religiosa, pois aos dezesseis anos foi entregue como esposa ao visconde de Villemor, Pedro Acária, senhor de muitas terras, muito atuante na política da corte e cuja influência era tão forte quanto à de sua família, possuidor de costumes sérios e seguidor dos preceitos cristãos. Tiveram seis filhos.
O rei Henrique IV, após desfazer a Liga política à qual seu marido pertencia, mandou-o para o exílio e confiscou-lhe todos os bens. Foram quatro anos de várias atribulações financeiras e aflição de espírito. Porém Bárbara não se abateu, tomou a defesa do marido, não se detendo até provar a inocência dele e reaver todos os bens. Foi com essa fibra que educou os filhos com generosidade, no respeito e no serviço aos mais pobres, doentes e mais desamparados. Ensinou-os a viver de maneira simples, sóbria, modesta, e no amor à verdade, pois a verdade é Cristo. Ensinou-lhes, também, o espírito de sacrifício e a força de vontade perante as dificuldades.
Nesse período, conheceu o religioso Francisco de Sales, depois também fundador e santo pela Igreja, o qual aprovava sua atitude e comportamento, vindo a tornar-se o seu diretor espiritual. Em 1601, ela leu os escritos de Teresa d'Ávila e desejou, ela mesma, uma leiga, fazer todo o possível para introduzir na França a reforma carmelita. Um ano depois, acolheu as primeiras vocações e obteve a autorização do rei, o qual lhe dispensava uma grande consideração, e, em 1603, o papa Clemente VIII enviou-lhe sua autorização para a fundação, portanto ela pôde construir o primeiro mosteiro carmelita na França. Depois, com os outros, que vieram em seguida, houve uma forte influência na espiritualidade católica de seu tempo. Três de suas filhas entraram no Carmelo de Amiens.
Em 1613, morreu seu marido e só então ela tomou o nome de Maria da Encarnação, tomando o hábito e jurando os votos a uma de suas filhas, que se tornara a abadessa do mosteiro de Amiens, onde ela permaneceu durante algum tempo, para depois estabelecer-se no de Pontoise. Manteve-se sempre ativa e preparada para discussões sobre o tema da fé com personagens próprios e auto-reveladores e sempre humilde e afetuosa como simples carmelita de sua comunidade.
Maria da Encarnação, madame Acária, é considerada a "madre fundadora do Carmelo na França" porque contribuiu para a difusão da reforma carmelita de Santa Teresa d'Ávila, mais do que todos, em solo francês. Ela terminou os seus dias num leito de dor em Pontoise. E ao morrer, no dia 18 de abril de 1618, recitou várias vezes os salmos 21 e 101. Esse dia era Quinta-Feira Santa.