Festa
22 de Fevereiro
“Dareis à luz um filho e este será grande e chamá-lo-ão: Filho do Altíssimo. Ele reinará eternamente sobre a casa de Jacob e o seu reino não terá fim”. Com estas palavras o Arcanjo São Gabriel anunciou a Maria o reino eterno de seu filho. Orientados por uma estrela, chegaram os Magos e renderam homenagens ao Menino Deus. Quando o governador romano Pilatos perguntou a Jesus: “És de fato rei?” Jesus lhe respondeu: “ Tu o dizes, mas meu reino não é deste mundo”. Quando Jesus Cristo, quarenta dias depois de sua gloriosa ressurreição, se preparou para voltar ao Pai, deu o carácter visível de sua dignidade real a um homem, para lhe servir de substituto até o fim dos séculos.
Para este elevado cargo Jesus Cristo escolheu Simão, filho de Jonas, cujo nome mais tarde foi mudado em Pedro. “Tu és Pedro e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do reino dos céus. Rezei por ti, para que tua fé não desfaleça; tu, porém, confirma teus irmãos. Apascenta minhas ovelhas, apascenta meus cordeiros”.
São Pedro, fiel à ordem recebida do Mestre, trabalhou pela propagação da doutrina do Messias. Depois de ter fundado diversas Igrejas na Palestina e na Ásia Menor, dirigiu os passos para Roma, metrópole do mundo civilizado. Foi no ano de 42, que o príncipe dos Apóstolos chegou à capital dos Césares. Achou agasalho na casa do senador Cornélio, parente daquele capitão ilustre de Cesareia de nome Cornélio, também que, por uma graça especial divina, recebeu de São Pedro o baptismo, ele, com toda a família.
Roma achava-se no auge do poder, mas também da corrupção. Nos palácios, templos, parques e teatros reinavam um luxo desmedido. Com as riquezas das províncias mais longínquas, tinham chegado a Roma os ídolos, a superstição e os vícios de outras nações. Se de um lado havia incalculável riqueza, grande parte da população gemia debaixo do jugo da mais vil escravidão. O imperador era considerado “Deus e Senhor”, e como tal recebia dos aduladores as supremas homenagens. O vício, sob as formas mais hediondas, se ostentava publicamente e, para justificá-lo, não faltavam divindades a que se oferecesse incenso.
Foi neste antro de podridão, que o Vigário de Jesus Cristo veio pregar o Evangelho; foi ali que fundou uma Igreja que perdura já vinte séculos e forneceu milhares de mártires; foi aí que estabeleceu a cadeira da verdade e foi aí que, igual ao divino Mestre, exalou a vida no patíbulo da cruz.
São Pedro morreu, mas vive ainda nos seus sucessores. Quem é o sucessor de São Pedro? A esta pergunta responde a cristandade toda unanimemente: o sucessor de São Pedro, na sua dignidade e poder, é o bispo de Roma. O bispo de Roma é o legítimo representante de Cristo na terra; o bispo de Roma é o chefe de todos os fiéis.
O protestantismo tem ido à cata de provas, para mostrar que São Pedro nunca esteve em Roma. Se não esteve em Roma – assim calcula logicamente – os Papas não são sucessores de São Pedro na Cátedra de Roma, e não podem atribuir-se a dignidade apostólica. Não foram felizes os amigos de Lutero nesta campanha, pois tudo diz contra o que asseveram. O resultado de sérios estudos, feitos por historiadores católicos e protestantes sobre o assunto, tem sido este: que São Pedro esteve em Roma. Historiador nenhum cristão pôs em dúvida este fato, que é comprovado pelos escritores dos primeiros séculos, por Caio, presbítero romano, São Dionísio de Corinto, Hegésipo, Justino, Tertuliano, Cipriano, Orígenes, Eusébio, Arnóbio e outros.
Desde imemoráveis tempos é na Igreja celebrado o dia de hoje, em que São Pedro fundou a diocese de Roma. Santo Agostinho, num dos seus sermões, se refere a esta festa. Os calendários e martirológios mais antigos a mencionam.
Se é festejado na cristandade toda o aniversário da eleição do Papa, se cada diocese celebra o aniversário da sagração do seu bispo, justo é que a Igreja inteira solenize o aniversário da Cátedra de São Pedro em Roma e neste dia dirija preces ao Altíssimo, pela prosperidade do Sumo Pontífice[1].
[1] A Cátedra, isto é, o trono de São Pedro, até ao século V, guardado no baptistério de São Pedro, se encontra hoje na abside da Basílica Vaticana. Consta apenas de alguns pedaços de tábuas, ligadas por placas de marfim. Desde o tempo da Renascença está encerrada num grande relicário, obra de Bernini.
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