sábado, 22 de janeiro de 2011

GUILHERME JOSÉ CHAMINADE

Sacerdote, fundador dos Marianistas, Beato
1761-1850

22 de Janeiro

Zaragoza, 11 de outubro de 1797

Ao entardecer desse dia, depois de um longo caminho desde a fronteira francesa, chega em Zaragoza um sacerdote francês. Está cansado, mas ao avistar a única torre que, então tem,  a basílica da Virgem do Pilar, apressa seus pés cansados nas últimas léguas do caminho. Para culminar, nem que tivesse calculado propositadamente, chega nas vésperas da festa da padroeira. Há alegria nas ruas. Com que inveja olha o povo simples expressar seu amor à Virgem! Atrás, tinha deixado alguns duros anos de apostolado em Bordéus, principalmente, o período mais cruel da revolução, o Terror. Mas, justamente agora, quando parecia que a perseguição amainava, o haviam expulsado como indesejável. Ele, que tanto ama sua pátria. Escolheu Zaragoza para seu desterro, por ser uma cidade mariana e, para ele, Maria é seu grande amor. Em sua primeira visita ao Pilar, não pôde reprimir uma lágrima: “Senhora minha! Quanto tempo terei que ficar aqui?”.

Uma família numerosa

Em 8 de abril de 1761, Brás Chaminade, comerciante de tecidos em Périgueux, e sua esposa Catarina, acolhem seu sexto filho. Os cinco anteriores, que o precederam com vida, também muito se alegram. Uma família numerosa é uma graça. Com ela se aprende solidariedade, tolerância, fraternidade...
O irmão mais velho, João Batista, que tem 16 anos, se tornará sacerdote secular e educador no Colégio São Carlos de Mussidan. Em 1762, o segundo, Brás, quererá ser Religioso. O pai, embora bom cristão, tendo em vista a continuação de seu negócio pelos filhos, se oporá. Brás inicia um jejum, nem curto nem longo ? hoje diríamos uma greve de fome ?, que vence a oposição paterna.
Baptizaram o menino recém-nascido de Guilherme. É o menor, mas não mimado. Nunca se esquecerá de uma lição que sua mãe lhe dera, e que resume a pedagogia familiar de Catarina. O pequeno não gosta que o penteiem. Sua mãe é firme: “Olhe, mon petit Minet, ficar bonito tem um custo”.

Ao lado de seu irmão

Guilherme é atento e gosta de estudar. Por isso, em 1771, seus pais o confiam ao seu irmão mais velho, João Batista, que agora é diretor do Colégio São Carlos de Mussidan, a 35 km ao sudeste de Périgueux. Lá recebe o sacramento da Confirmação e, nesse dia, Guilherme acrescenta ao seu nome de Batismo, o de José. Não foi a pessoa mais próxima de Maria? Ele também deseja sê-lo. A partir de então, sempre assinará: G. José Chaminade. É um menino alegre, piedoso, muito equilibrado e constante no esforço.
Um episódio de sua vida colegial vai reforçar ainda mais seu amor à Virgem Maria. Tem, então, doze anos e, em uma excursão, cisma de subir pela ladeira de uma pedreira abandonada. O companheiro que sobe à sua frente desprende uma pedra que cai no pé de Guilherme José. Vira uma ferida grave que não fecha, apesar de todos os cuidados. Por fim, depois de três semanas sem melhora, ele e João Batista prometem à Virgem que, se a ferida for curada, irão a pé, em peregrinação, ao santuário de Nossa Senhora de Verdelais. Não é uma promessa qualquer, pois Verdelais fica a mais de 80 km dali. Mas o remédio é eficaz: a ferida sara e, sem esperar mais, os dois irmãos empreendem o caminho, andando, sem que o pé do menino se ressinta.
Em 1776, ao término dos estudos secundários, pede ao seu irmão para ingressar na Congregação de São Carlos, isto é, em um grupo de sacerdotes diocesanos que dirigem o colégio. Começa seus estudos teológicos. São anos de silêncio, de oração, de trabalho, de amadurecimento da fé... Faz um doutorado e termina seus estudos sacerdotais em Paris. Uma “vida oculta”, tão oculta que não sabemos sequer a data exata, nem o lugar da ordenação sacerdotal: mas em 1785, já assina como sacerdote. Ensina no colégio. É tranquilo, mas incansável.

Explode a tormenta

Em 1789, reuniram-se em Paris os Estados Gerais e há presságios de revolta política, simbolizada pela tomada da Bastilha, em 14 de julho. Em janeiro de 1790, morre João Batista: é um duro golpe para o colégio. Outro golpe pior chega em julho: a Assembléia Nacional aprova a Constituição Civil do Clero, que todo sacerdote tem que jurar. Na prática, esse juramento é um ato cismático, uma vez que sua finalidade é separar a Igreja da França da cabeça visível de Roma. Os sacerdotes de Mussidan se negam; o colégio desaparece e eles se tornam foras da lei. Têm um nome maldito: são os “refratários”. Têm que passar à clandestinidade. Guilherme José adquiriu, em Bordéus, uma casa para seus pais já idosos. Pensa, com razão, que lá, em uma cidade grande, poderá realizar melhor seu ministério, sem ser reconhecido. Percorre as ruas vestido de caldeireiro ou de biscateiro, passando frequentemente pela praça da Nação onde, durante quase um ano, entre 1793 e 1794, a guilhotina permanece erigida. Do sacada de uma casa, ele deu algumas vezes, a absolvição às carretas de presos que iam para a morte. As crianças o avisam: “Em tal casa, tal número..., tal andar, se necessita de...”. E o caldeireiro leva os sacramentos aos enfermos, confessa, celebra a Eucaristia, une em matrimônio... Mais de uma vez, a polícia interrompe a celebração. Todos dissimulam. Sempre pôde escapar... Lá pela metade do tempo do Terror, já haviam caído vinte sacerdotes, a metade dos quais estavam escondidos em Bordéus. “Em algumas ocasiões, só a espessura de uma tábua me separou do cadafalso”, confessará mais tarde. Uma vez, os guardas nacionais o seguiram e ele se enfiou na casa de seus pais. A moça, Maria Dubourg, só teve tempo de colocá-lo debaixo de um barril. Chegaram os perdigueiros: “Cidadã, viu um padre por aqui?”. “Os senhores veem padres por toda parte... Estará debaixo deste barril?”. Põem-se a rir. E ela acrescenta: “Os senhores estão cansados. Vou servir-lhes uma taça de vinho”. E sobre o barril salvador, tomam uns copos e vão embora alegres. José Maria Permán, aluno dos marianistas em Cádiz, dedicou sua obra de teatro “Ama-me ou deixa- me” a estes episódios de Chaminade (Edibesa, 1997).

Os anos do silêncio

Parecia que a tormenta amainava com a queda de Robespierre. Finalmente, em 1797, como já vimos, o desterraram. Em Zaragoza, havia muitos sacerdotes franceses. Tinham sido muito bem acolhidos, mas não lhes era permitido exercer seu ministério. Para ganhar a vida, além da missa que lhe confiavam, Guilherme José confeccionava flores artificiais ou, fazia imagens de santos em gesso ou em cera, usando moldes..., “na espera de poder fazê-los de carne e osso”, dizia. Principalmente, estuda, lê, reza. Aos pés da Virgem do Pilar descansa sua alma e sonha futuros apostolados. Ali, “vê” seus futuros discípulos. Anos depois, ele lhes dirá: “Tal como os vejo agora, os vi há muito tempo...” E não quis ser mais explícito. Zaragoza foi um tempo chave em sua vida. Daí, voltará com nova pujança e novas ideias. Por isso, seus discípulos levarão a imagem da Virgem do Pilar até os confins do mundo.

A hora dos leigos

O exílio durou três anos. Em novembro de 1800, Napoleão dá um golpe de Estado: autonomeia-se primeiro cônsul. Os desterrados podem voltar. Sem perder um minuto, Guilherme José retorna a Bordéus e se apressa em abrir um andar com um oratório na rua Saint-Simon. Quer dedicar-se, antes de tudo e sobretudo, à juventude. Um dia, vê dois jovens que não se conhecem. Coloca-os em contato e os anima a trazer, cada um deles, outro jovem. Foram quatro, depois oito, e em 08 de dezembro, festa da Imaculada, eram doze.
E virão mais, atraídos por esse sacerdote que os compreende tão bem e sabe despertar seu entusiasmo. Funda a “Congregação da Imaculada”, as atuais “Comunidades Leigas  Marianistas”. Inspiradas nas dos jesuítas, Chaminade lhes dá um sentido mais apostólico. Pensa que é hora dos apóstolos leigos e, nisso, se mostra um precursor. Guilherme José lhes explica que seu batismo deve impulsioná-los a “multiplicar os cristãos”. Por isso, lhes pede que vivam e renovem as promessas batismais. Em 02 de fevereiro de 1801, onze jovens ? pois um faleceu ?, com a mão sobre o Evangelho, pronunciam um compromisso pessoal: “Eu, ..., servidor de Deus e filho da santa Igreja Católica, Apostólica, Romana, me entrego e me consagro ao culto da Imaculada Conceição da Virgem Maria. Prometo honrá-la e fazê-la ser honrada como Mãe da Juventude, enquanto depender de mim.” Mãe da Juventude: um título novo de Maria. Depois virão homens e mulheres maduros, mas sempre os jovens terão preferência. Irão se multiplicar, apesar dos problemas de terão com Napoleão e com outros governos. São a menina dos olhos de Chaminade, a “santa milícia que avança em nome de Maria, para assisti-la em sua missão de recristianizar a sociedade.”
Com que entusiasmo Chaminade os descreve: “No século mais pervertido de todos os tempos, do próprio seio da corrupção, em meio a todos os vícios, vai nascer uma geração casta, uma geração virtuosa. Diz ser a família da puríssima Maria ...”. As guerras de Napoleão contra toda a Europa, com um serviço militar sem limite de tempo, levam embora muitos congregantes. Apesar de tudo, em 1808, quando Napoleão invade a Espanha, a congregação de Bordéus tem 300 rapazes, 250 moças, além de muitos pais e mães de família. Na origem da renovação cristã pós-revolucionária de Bordéus, está sempre o nome de Guilherme José Chaminade.
Cheios de Deus e em nome de Maria, procuram atender as necessidades que se apresentam. Há analfabetismo: alguns congregantes criam uma escola. Há meninos que vivem do campo, explorados como limpadores de chaminés: os congregantes se ocupam deles. Há desemprego: organizam uma oficina de colocação. Há ignorância religiosa: organizam conversas sobre a fé. Há necessidade de combater as leituras nocivas: monta-se uma biblioteca ambulante. Estão em tudo. Por acréscimo, nesses anos, dentre os jovens, sairão centenas de religiosos, religiosas, sacerdotes ? entre eles ?, seis bispos.

Teresa e Adélia

Duas mulheres intrépidas na vida de Guilherme José. Muito diferentes em idade, caráter, formação. Ambas estão, agora, em processo de beatificação. Teresa de Lamourous (1754-1836) é algo maior que Guilherme José, seu diretor espiritual. Durante o Terror, arriscou sua vida, catequizando as pessoas e ajudando os sacerdotes “refratários”. Agora é a alma da congregação das mulheres. O padre Chaminade era uma coisa a mais! ? o assistente espiritual e o confessor da Obra da Misericórdia, uma organização em favor das prostitutas de Bordéus. Teresa o ajuda. Um dia, ela, vencendo sua repugnância, decide ficar ali e funda um novo instituto religioso em prol delas: as Irmãs da Misericórdia.
Adélia de Trenqueléon (1789-1828) (10 de janeiro) entrou na órbita de Chaminade bem mais tarde e por “casualidade”. Nascida no ano da eclosão revolucionária, filha de um nobre oficial da Guarda Real, teve que sair com toda sua família, desterrada para Portugal e Espanha. Uma infância dura, mas iluminada pela profunda fé de seus pais. Volta à sua terra, em 1803, por causa de sua Confirmação, organiza com suas amigas uma associação para viver uma vida cristã autêntica e ajudar aos pobres. Em 1808, providencialmente, conhece a congregação de Bordéus que a entusiasma. Afilia sua associação à de Bordéus. Uma simpática e profunda correspondência vai estabelecer-se entre Guilherme José e Adela, colorida de mútua admiração e carinho. Ela será, verdadeiramente, a filha de sua alma. Desejosa de consagrar-se a Deus, em 1816, ajudada pelo padre Chaminade, inicia em Agen, o Instituto das Filhas de Maria Imaculada, as marianistas. Que dor para seu pai espiritual, quando morre tão jovem ? em 1828!

O “Dia grandemente memorável”

João Batista Lalanne, um dos primeiros congregantes, é estudante de medicina. Tem 22 anos, e no dia 01 de maio de 1817, visita aquele que, para ele, é seu pai espiritual. Pensou bastante e veio colocar-se à sua disposição. Sente-se chamado a um estilo de vida, a um apostolado, parecidos com o seu... Chaminade se emociona: “Estava esperando por isto, há tantos anos!” E lhe explica sua idéia: faremos um grupo de homens, consagrados a Deus através de votos religiosos, sem hábito, com facilidade para adaptar-se a todas as situações... E termina, dizendo: “E poremos tudo sob a proteção de Maria Imaculada... Sejamos em nossa humildade o calcanhar da mulher”.
Outros vão responder ao chamado: até sete. João Batista e mais outro querem ser sacerdotes; há um professor e dois estudantes que querem dedicar-se à educação, sendo religiosos, mas sem sacerdócio. Dois operários unem-se a eles também; são toneleiros, fazem barris para o bom vinho da região. Em 02 de outubro de 1817, estes sete jovens decidem edificar “um homem que não morra”: a Companhia de Maria. Um instituto religioso em que religiosos e sacerdotes, educadores e operários vão trabalhar em pé de igualdade, sem privilégios para ninguém. Chaminade não tem medo de adotar o tríplice lema “revolucionário” ? liberdade, igualdade, fraternidade ? que lhe parece, e com razão, muito cristão. Dá-lhes ordens claras: “União sem confusão”, “Todos sois missionários”, “Maria à frente, nós, atrás da Virgem capitã”, e como Maria disse aos servidores de Caná, lhes diz: “Fazei tudo o que Ele vos disser”... Chaminade está feliz. Nasce a Companhia de Maria, nascem os marianistas. E se completa a Família Marianista: leigos, religiosas, religiosos.
Em outubro de 1817, Lalanne e seus companheiros começam sua vida em comum. O que esses jovens vão fazer? Ocupar-se da congregação, é claro. Mas, além disso, de tudo o que permita “propagar a fé”. Uma constatação: na França, a grande maioria dos habitantes são analfabetos. Por outro lado, há tão poucas escolas e colégios cristãos! Ademais, a educação é própria, como nenhum outro apostolado, a “multiplicar os cristãos”. Os marianistas se tornam educadores. João Batista Lalanne será um pioneiro em metodologia pedagógica. O sudoeste da França se enche de escolas dirigidas por marianistas; começa-se a trabalhar com professores leigos, iniciam-se as escolas normais. Rapidamente, a Companhia de Maria se lança no Nordeste, a outra esquina da França: Alsácia e Lorena são povoadas de escolas marianistas.

O crivo do diabo... ou do Senhor

A revolução de julho de 1831, que acaba com o reinado de Carlos X, vai ser como uma bordoada nessa expansão. Mas os acontecimentos políticos nunca amedrontaram o Pe Chaminade. Vasculham sua casa, tem que sair de Bordéus e se retira por uns anos em Agen, onde há um colégio marianista e onde estão suas queridas religiosas marianistas. Logo virão tempos melhores!
O que lhe dói no mais profundo da alma é o abandono de dois dos sete primeiros marianistas. Em maio de 1832, o padre Chaminade, que tem 71 anos, recebe uma triste notícia: dois dos que eram os pilares do Instituto e seus mais próximos colaboradores, Augusto Brugnon-Perrière e o padre João Batista Collineau perdem a fé nele. Não em Deus, apenas nele, Chaminade. Pensam que a Companhia de Maria não tem futuro, que não é sólida; que é um absurdo que sacerdotes e religiosos não sacerdotes estejam em pé de igualdade, que o padre Chaminade está velho... Quando se perde o amor primeiro, vêm desentendimentos e dificuldades por qualquer coisinha. Como os discípulos de Emaús, seus olhos estão ofuscados pela tristeza. O novo arcebispo de Bordéus, monsenhor De Cheverus, que não sabia quase nada sobre o padre Chaminade, lhes dá razão e, sem nenhuma consulta prévia, desliga os dois de seus votos. E, ainda mais, àquele que é sacerdote o faz cônego de sua catedral. Para o arcebispo de Bordéus, a Companhia de Maria agoniza.

“O poder de Maria não diminuiu”

Guilherme José é um homem de profunda fé que não se deixa impressionar. Sabe que as fundações feitas por ele foram “inspiradas por Deus”. Um dos lemas que sempre propôs aos seus discípulos foi: “Fortes na fé”. E dá o exemplo. Sua firmeza será amplamente recompensada. Em 1839, recebe da Santa Sé o decreto de louvor (Decretum laudis) para seus dois institutos. Escreve uma valiosa carta aos religiosos para inculcar-lhes o amor à sua vocação e a confiança total na Companhia de Maria “que se colocou inteiramente a serviço e sob o estandarte de sua augusta padroeira”.
Com ânimo iluminado, lhes escreve: “Em nossa época, o poder de Maria não diminuiu. Ela vencerá esta heresia (a indiferença religiosa) como todas as outras, porque ela é, hoje e sempre, a Mulher por excelência, a Mulher prometida para esmagar a cabeça da serpente... Ela é a esperança, a alegria, a vida da Igreja... A ela está reservada, em nossos dias, uma grande vitória, a ela corresponde a glória de salvar a fé do naufrágio, pelo qual está ameaçada entre nós”. “...E assim, como uma ordem merecidamente célebre, tomou o nome e o estandarte de Jesus Cristo, nós tomamos o nome e o estandarte de Maria, dispostos a voar para onde ela nos chamar, para expandir seu culto e, através dele, o Reino de Deus  nas almas”.
O tempo deu e continua dando razão a Chaminade. Suas fundações e sua espiritualidade perpassaram até hoje e continuam fazendo o bem no mundo inteiro.

“Mas ela te esmagará a cabeça...”

Maria foi a grande força de Guilherme José Chaminade. Um dia, já em sua velhice, deixou escapar esta confidência: “Pela grande misericórdia de Deus, desde há muito tempo, não vivo nem respiro mais, a não ser para propagar o culto da augusta Virgem e conseguir assim, todos os dias, que sua família cresça e se multiplique”. Chaminade é tranquilo, cheio de garra, sempre atento aos sinais de Deus e, quando iluminado pela fé, está seguro, nada nem ninguém pode detê-lo. Alguém o definiu como “força tranqüila”.
Seus últimos anos vão trazer-lhe mais complicações. Não importa. No noviciado de Santa Ana de Bordéus, já meio cego, apoiando sua mão no ombro de um noviço, pede que o acompanhe até o fim da alameda, onde há uma imagem da Imaculada. Ali, procura, com sua mão trêmula, a cabeça da serpente sob o pé de Maria e repete com força: “Apesar de tudo, ela te esmagou a cabeça e ta esmagará para sempre”. Sabe que, apesar das múltiplas insídias que a serpente arma e armará sempre contra Maria e contra a Igreja, da qual Maria é mãe e símbolo, no final, Cristo vencerá.
Em 22 de janeiro de 1850, Guilherme José Chaminade morre em paz. Deixou atrás de si uma família, um “homem que não morre”. Cento e cinquenta anos depois, o papa João Paulo II o beatifica, solenemente, na praça de São Pedro em Roma, em 03 de setembro do ano jubilar 2000.
José Maria Salaverri, S. M.
Ex-superior geral dos religiosos marianistas

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