Religiosa, Santa
1235-1252
1235-1252
Rosa nasceu em Viterbo, Itália, em 1235. Seus pais eram excelentes cristãos, gente pobre. Já no princípio da infância de Rosa, todos perceberam que Deus tinha grandes planos sobre ela. Na verdade, é assombroso como junta o sobrenatural com o natural. Em vez de entregar-se aos jogos próprios da idade, passava horas diante das imagens dos santos, especialmente se eram da Virgem Maria. Impressionava a atenção com que ouvia seus pais quando falavam de coisas de Deus. Desde muito pequena, sentiu grandes desejos de viver na solidão, anseios que na prática nunca se realizaram. Sempre foi enamorada da penitência. Os virtebianos habituaram-se a ver pelas ruas uma menina que andava sempre descalça e com desordem no cabelo. Grandes eram as suas austeridades na comida, chegando a passar dias inteiros com um pedaço de pão. Pão que muitas vezes ia parar na boca dos pobres, outro dos seus «fraquinhos»: corria atrás dos pobres e, com imenso carinho, oferecia-lhes tudo quanto tinha.
Em Viterbo havia um convento de religiosas, chamado de S. Damião. Às portas delas bateu a nossa heroína, mas inutilmente, porque era pobre e muito nova. Então decide transformar a própria casa em claustro. Nele se excedia santamente nas penitências corporais, chegando a disciplinar-se até perder os sentidos. Os de sua casa esforçaram-se por afastá-la de tal caminho, mas é tanta a graça humano-divina a refletir-se em toda a sua pessoa, que a todos convence. E as horas de oração sucediam-se sem parar.
Aos 8 anos, vítima das penitências, contrai gravíssima doença que dura 15 meses. Foi milagrosamente curada por Nossa Senhora, que a mandou tomar o hábito da Ordem Terceira de S. Francisco, o que na realidade fez. Nesse dia começou a vida de apóstola. Ao sair da igreja pregou com grande fervor sobre a Paixão e sobre os pecados dos homens; todos voltaram compungidos para casa, enquanto ela regressava à solidão. Dias e dias a cidade inteira ouviu-lhe atônita as pregações. Dificilmente compreendemos hoje o ardor com que as multidões medievais iam atrás de qualquer pregador da palavra de Deus, as conversões que se davam e as reconciliações públicas que provocou, por exemplo, Santo António. Mais ainda, se o pregador era uma menina de poucos anos...
Não lhe faltaram contradições nem sofrimentos. Os partidários do imperador Frederico II, inimigos da Santa Sé, depressa se puseram a atacá-la. Depois das mofas e das calúnias, veio o desterro. Tudo isto serviu para que resplandecesse a têmpera daquela menina, que, da mesma maneira que os apóstolos noutro tempo, disse que não podia deixar de pregar a divina palavra. E a Providência valeu-se da malícia dos seus perseguidores para a semente da verdade frutificar noutras terras. Com os pais teve de sair, de noite, de Viterbo, quando a neve enchia os caminhos. Esgotados pelo cansaço e sofrimento, chegaram no dia seguinte a Soriano. Mas os sofrimentos físicos foram ainda o menos: muito mais se angustiou vendo a dissolução moral da gente que ficava conhecendo. Prosseguiu lá a pregação, e os sermões conseguiram, no fim de alguns meses, numerosas conversões. Vêm ouvi-Ia também homens e mulheres das aldeias vizinhas. A estes anunciou um dia a morte de Frederico II. No fim da vida, este imperador reconciliara-se com a Igreja.
E foi, ela também, procurar ouvintes: ao menos cinco povoações ouviram, espantadas e finalmente convencidas, a voz daquela menina que atraía já com a presença ou, se era necessário, confirmava a pregação com milagres. Um dos defeitos que se atribuem com razão à Idade Média, é a excessiva credulidade com que admitia os fatos extraordinários. Hoje, os biógrafos da nossa Santa recusam alguns dos milagres que lhe foram atribuídos; mas sem dúvida nenhuma fez grandes milagres: nem de outro modo se explica o redemoinho espiritual que a sua passagem levantou em toda a parte. Toda a sua vida, aliás, era um milagre.
Dezoito meses depois de sair da sua terra, pôde regressar, já depois da morte de Frederico II. Toda a gente veio receber a conterrânea extraordinária, contente aquela de recuperar um tesouro, que mais apreciava agora, depois de tê-lo perdido.
Apesar dos triunfos apostólicos, a sua alma ansiava pela solidão, para se entregar inteiramente à oração e à penitência. É a história constante de todos os verdadeiros apóstolos. S. Bemardo escrevera pouco antes que o apóstolo deve ser concha repleta e não simples canal.
Pela segunda vez experimenta Rosa entrar num convento. Agora o mosteiro tem o bonito nome de Santa Maria das Rosas. Mas pela segunda vez lhe fecham as portas do claustro. Deus não a destinava para a vida religiosa. E por conselho do confessor, decide mais uma vez transformar a própria casa no claustro sonhado; mas desta vez terá de preocupar-se com a santificação de outras almas. Algumas amigas suas de Viterbo juntam-se a ela para guardar silêncio, cantar salmos e ouvir as suas exortações espirituais. Devido à constante afluência de mais e mais jovens, o confessor de Rosa compra-lhes um terreno perto de Santa Maria das Rosas. A comunidade tomou a regra da Ordem Terceira de S. Francisco. Mas de novo as pequenezas humanas estorvaram a obra de Deus. Inocêncio IV suprimiu a nova comunidade, por indicação das religiosas de S. Damião.
O biógrafo de S. Francisco, Tomás de Celano, diz que «ele recebeu a morte cantando». Canto de alegria foi também a morte de Rosa. Gasta bem cedo com as penitências e o apostolado, preparou-se para ir ao encontro do Esposo das virgens. Ao receber o viático, ficou muito tempo em altíssima contemplação. Quando voltou a si, administraram-lhe a unção dos enfermos. Pediu perdão a Deus de todos os pecados e despediu-se das pessoas de família com a requintada caridade de sempre. Jesus e Maria foram as suas últimas palavras. Tinha 17 anos. Faleceu a 6 de Março de 1252.
É representada a receber a sagrada comunhão junto dum altar, e ainda a ver em sonhos os instrumentos da Paixão.
Qual a lição de Rosa? Diria que é lição de sobrenaturalismo. O nosso século XX, céptico diante do extraordinário e excessivamente enamorado do humano, bem é que recorde ter Deus preferência acentuada pelos instrumentos inadequados, a fim de com eles obter as suas vitórias. Em particular, deveriam recordar frequentemente a vida e obra de Rosa de Viterbo todos os que se dedicam ao apostolado.
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