Doméstica, Terceira Franciscana, Beata
1881-1922
12 de Março
Ao longo dos séculos, muitas Beatas e Santas da Igreja Católica exerceram a profissão de empregada doméstica durante um tempo mais ou menos longo. Elas levaram às famílias em que trabalhavam, e aos fiéis em geral, o exemplo das virtudes católicas. Muitas delas deixaram sua ocupação para entrar em alguma Congregação religiosa, algumas se tornaram fundadoras de Institutos, ou ainda membro de alguma .
Entretanto, algumas permaneceram em sua profissão até o fim da vida, santificando-se nas provações inerentes ao cargo, aceitando com alegria a posição que ocupavam dentro das casas em que trabalhavam, atraindo a admiração de seus patrões, e, em muitos casos, levando-os à conversão, fazendo também um apostolado intenso junto aos mais necessitados.
Tais foram: Santa Zita (1218-1278), empregada doméstica de Lucca (Itália), padroeira da cidade e nomeada padroeira das domésticas por Pio XII em 26 de Setembro de 1953, festejada no dia 27 de Abril, e a Beata Ângela (Aniela) Salawa, cuja vida veremos em seguida.
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A décima primeira dos doze filhos de Bartolomeu Salawa e de Eva Bochenek nasceu em Siepraw, próximo de Cracóvia, Polónia, no dia 9 de Setembro de 1881. Recebeu no Baptismo o nome de Ângela (Aniela). O pai era artesão e a mãe inteiramente dedicada aos numerosos filhos, aos quais ensinava a piedade, a modéstia e a operosidade. Foi sob a direcção da mãe que Ângela se preparou para a Primeira Comunhão aos 12 anos, segundo o costume da época.
Aos 15 anos trabalhava para uma família de Siepraw, cuidando das crianças, ordenhando as vacas e realizando outros pequenos trabalhos. Em 1897 voltou para casa, e resistia aos insistentes conselhos do pai para que ela constituísse sua própria família. Há muito Ângela se sentia inclinada ao celibato.
Transferiu-se para Cracóvia onde trabalharia como empregada doméstica. Nos primeiros dias ficou hospedada na casa da irmã mais velha, Teresa – também ela empregada doméstica – que sabia que Ângela não se sentia chamada ao matrimónio.
Fiel às inspirações do Espírito Santo e aos conselhos dos directores espirituais, a jovem progredia rapidamente na santidade. Cumpria com perfeição todos os seus deveres de estado e empregava o tempo livre em leituras espirituais para unir-se cada vez mais a Nossa Senhora e a compreender os mistérios de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Em Cracóvia trabalhou inicialmente para a família Kloc, deixando-a pouco tempo depois por causa do assédio do patrão. Trabalhou depois para algumas famílias da região e retornou para Cracóvia para assistir a morte de Teresa, em 25 de Janeiro de 1899, perda que lhe causou muito sofrimento, pois tinha grande afecto pela irmã. Encontrou forças para enfrentar a perda prolongando o tempo de orações na igreja.
Sob a direcção do padre jesuíta Estanislau Mieloch se consagrou a Deus com o voto de castidade perpétua, voto que já fizera na adolescência. Em 1900, inscreveu-se na Associação de Santa Zita de Cracóvia, entidade que promovia a assistência às domésticas. Dedicava-se a um apostolado obscuro, mas fecundo, junto às domésticas de Cracóvia. Ela as reunia, aconselhava, dirigia. Apesar da saúde precária, estava sempre alegre e sociável, se vestia bem, não para o mundo, mas para Deus.
Em 1911, sofreu dolorosa moléstia, seguida da perda da mãe e da jovem senhora a quem servia com afecto e dedicação. Além destas provações, vê-se abandonada pelas companheiras. Naquele período de grandes sofrimentos, confiando somente em Deus, unindo-se a Ele mais ainda na oração e na meditação, foi agraciada com fenómenos místicos.
No dia 15 de Maio de 1912, tornou-se membro da Ordem Terceira Secular de São Francisco, recebendo o hábito na igreja conventual dos Franciscanos, e no dia 6 de Agosto de 1913 fez sua profissão.
Durante a 1ª Guerra Mundial, não sem incómodos voluntariamente assumidos, prestava dedicado e zeloso auxílio aos feridos, doentes e prisioneiros de guerra no Hospital de Cracóvia, onde respeitosamente era chamada “a santa senhorita”.
Em 1916, por haver censurado a amante de seu patrão, o advogado Fischer, foi despedida daquela casa aonde trabalhava desde 1905. Seguiram-se alguns anos sem trabalho e com a doença progredindo, mas com o consolo dos fenómenos místicos.
Em 1918, com as forças debilitadas, deixou também os trabalhos voluntários e recolheu-se a uma cela paupérrima, onde durante quatro anos viveu em íntima contemplação dos mistérios divinos, sustentada por Maria Santíssima e pela Comunhão Eucarística. Esta era levada diariamente pelo seu confessor. As companheiras inconsoláveis se alternavam em seu tugúrio para assisti-la.
Ela oferecia todos os seus sofrimentos pela conversão dos pecadores, pela salvação das almas, pela expansão missionária da Igreja. Em Fevereiro de 1922, num último ato de devoção, ofereceu-se a Deus como vítima pela propagação do Seu Reino na Polónia e no mundo. Anotou em seu Diário: “Pensando em minha vida, creio estar na vocação, no local e no estado para os quais Deus me havia chamado desde a infância”.
Por fim Ângela consentiu em deixar aquela cela e foi levada para a enfermaria de Santa Zita, onde, após ter recebido os Sacramentos, faleceu serenamente no dia 12 de Março de 1922, em extrema pobreza e com a fama de santidade.
No dia 13 de Maio de 1949, ao ser aberto o processo diocesano para a sua beatificação, seus despojos foram transladados do cemitério para a Basílica de São Francisco de Cracóvia.
João Paulo II proclamou-a Beata no dia 13 de Agosto de 1991, em Cracóvia, e sua festa é celebrada no dia 12 de Março.
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