Hilário, nascido
em 401, foi um jovem de família nobre, bem educado e com uma carreira tendendo
ao sucesso. Era aparentado com Santo Honorato, que estava determinado em
convertê-lo para Cristo e fazê-lo também monge. Já velho, Santo Honorato
empreendeu uma viagem até Arles para convencer Hilário a acompanhá-lo, mas este
fez ouvidos de surdo, restando ao santo entregar o caso nas mãos de Deus. Hilário
conta o que aconteceu:
Embora eu
lembre os grandes serviços de Honorato para com todos, devo falar do infinito
cuidado para comigo, pois certamente me trouxeram a salvação em Cristo. Mesmo
naqueles anos quando eu era muito amigo do mundo e obstinado contra Deus, como
um honesto sedutor, com sua gentil mão, ele conduziu-me ao amor de Cristo.
Mas naquele
tempo eu obtive uma vitória desastrosa. Então a mão direita de Deus passou a
atormentar-me, pois Honorato havia pedido para Ele colocá-la sobre mim. Que
tempestades de desejos conflituantes atormentavam meu coração! Quantas vezes
concordância e discordância alternavam-se em minha mente! Assim, enquanto
Honorato estava longe de mim, Cristo trabalhava em mim. Pelas suas orações,
minha obstinação foi conquistada.
Enquanto o
Senhor me chamava, todos os prazeres do mundo se apresentavam, minha mente
ponderava qual caminho seguir, qual abandonar. Graças a Deus, meu Bom Jesus
entranhou-se no seu servo, quebrou os laços com o mundo e forjou laços de amor.
Se eu continuar a me sustentar nestes, os laços dos pecados jamais ganharão
novamente suas forças.
Hilário foi então
ao encontro de Santo Honorato e tornou-se monge. Quando Honorato foi eleito
bispo de Arles, pediu que Hilário o acompanhasse; e, após a sua morte, assumiu
o bispado em 429. Enquanto serviu como bispo, manteve os hábitos monásticos,
fazia trabalhos braçais para arrecadar dinheiro para os pobres e também vendeu
ornamentos e riquezas para pagar pela libertação de escravos. Fundou vários mosteiros
e revitalizou outros que já existiam.
No entanto, possuía
um espírito um tanto autocrático e impaciente nas questões administrativas.
Além disso, seu exemplo de austeridade causava problemas com outros bispos que
tinham preocupações mais terrenas. Certa feita, ao saber que um bispo estava
por morrer, aproveitou a ocasião para indicar um sucessor mais ao seu estilo.
Mas o bispo recuperou a saúde, criando uma situação de conflito. Outra feita,
num Concílio da Igreja Francesa, depôs um Bispo que não seguia suas
orientações. Ambos casos foram parar em Roma. Depois de muitas negociações, o
Papa Leão Magno decidiu por afirmar sua autoridade sobre Hilário e os demais
metropolitas quanto a nomeação de novos bispos e ainda dividiu a diocese de
Arles em outras menores.
Santo Hilário
entrou em obediência, publicamente submetendo-se ao Papa e passou a dedicar-se
a pregações e catequeses. Percebendo que a morte se aproximava, pois as pesadas
penitências que se submetia lhe enfraqueciam o corpo, escreveu ao Papa
sugerindo um nome para seu sucessor, deixando claro que reconhecia a autoridade
do Bispo de Roma. Segundo a maioria das fontes, morreu em 5 de Maio de 449, mas
São Roberto Belarmino cita 445 e Alberto de Mire, 446. Sabe-se com certeza que
a carta do Papa elegendo Ravenio como seu sucessor é datada em Agosto de 449,
quando certamente Santo Hilário já estava morto.
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