São Marcos, ou João Marcos hebreu de origem, da tribo de Levi, foi um dos
primeiros discípulos de São Pedro, que na festa de Pentecostes receberam o
santo Baptismo das mãos do Apóstolo, razão talvez, de Pedro em sua primeira
epístola o chamar “seu filho”. (I Pedro
5,13).
Mais tarde, porém, foi companheiro de São Paulo na primeira prisão em Roma
(Filem. 4); pelo mesmo apóstolo foi mandado aos Colossenses (Col. 4, 10).
Pela segunda vez preso em Roma, Paulo o chamou para junto de si. (2. Tim.
4, 11.) Seu apostolado é intimamente ligado também ao de São Paulo, em Roma,
onde desenvolveu com tanto zelo as actividade apostólicos, que seu Chefe
desejou tê-lo sempre em sua companhia.
Em Roma teve Marcos o prazer de ver os belos frutos, que a pregação do
príncipe dos Apóstolos produzira, crescendo dia por dia o número dos que pediam
o santo Baptismo.
Durante sua ausência, São Pedro confiou a Marcos a vigilância sobre a jovem
Igreja.
Atendendo ao insistente pedido dos primeiros cristãos de Roma, de
deixar-lhes um documento escrito, que contivesse tudo que da boca de Pedro
ouviram da vida, da doutrina, dos milagres e da morte de Jesus Cristo,
Marcos escreveu o Evangelho que lhe traz o seu nome.
Dos quatro Evangelhos o mais curto e por assim dizer, o mais incompleto;
não contém a história da Infância de Cristo, nem o sermão da montanha. São
Pedro leu-o aprovou-o e recomendou aos cristãos que dele fizessem a leitura.
Depois de ter passado alguns anos em Roma, Marcos pregou o Evangelho na
ilha de Chipre, no Egipto e nos países vizinhos. As conversões produzidas por
esta pregação contavam-se aos milhares.
Milhares de ídolos ruíram por terra, e nos lugares dos templos se ergueram igrejas
cristãs. O Egipto, antes um país entregue à idolatria, tornou-se teatro da mais
alta perfeição cristã e refúgio de muitos eremitas.
Marcos trabalhou 19 anos em Alexandria, onde a Igreja chegou a um estado de
extraordinário esplendor.
Não satisfeitos com a observância de tudo aquilo que o Evangelho
apresentava como indispensável, muitos cristãos observavam do modo mais
perfeito os conselhos evangélicos, abstendo-se, a exemplo do mestre, do uso da
carne e do vinho e distribuindo os bens entre os pobres. Inúmeros eram aqueles
que viviam em perfeita castidade. O número dos cristãos cresceu de tal maneira,
que para todos terem ocasião de assistir ao santo sacrifício da Missa e à
pregação, foi necessária destacar um número de casas bem grande onde se
pudessem reunir.
Tão grande prosperidade da causa do Senhor não podia deixar de inquietar e
irritar os sacerdotes pagãos contra o grande Apóstolo. Marcos, sabendo que os
inimigos seus e de Cristo estavam conspirando contra sua vida, e, prevendo uma
generalização da perseguição, na qual muitos cristãos poderiam não ter a
força de perseverar na fé, deu à Igreja de Alexandria um novo bispo, na pessoa
de Aniano, e ausentou-se da cidade.
Dois anos durou essa ausência. Ao voltar, havia uma grande festa, que os
pagãos celebravam em honra do deus Serapis. A maior homenagem que podiam render
à divindade havia de ser — assim opinavam os idólatras — a oferta da vida do
Galileu: por este nome era conhecido o grande evangelista.
Imediatamente se puseram a caminho em busca de Marcos. A eles se uniram
muitas pessoas. Descobrir-lhe paradeiro e penetrar na casa que hospedava, foi
obra de minutos.
Marcos estava celebrando os santos mistérios, quando a horda sequiosa do
seu sangue, entrou. Prenderam-no e, com muita brutalidade, conduziram-no pelas
ruas da cidade. O trajecto todo ficou marcado do sangue do Mártir.
Marcos não opôs resistência; ao contrário, deu louvor a Deus por ter sido
achado digno de sofrer pelo nome de Cristo.
Na noite seguinte apareceu-lhe um anjo e disse-lhe: “Marcos,
Servo de Deus, teu nome está escrito no livro da vida, e tua memória jamais se
apagará. Os Arcanjos receberão em paz teu espírito”.
Além desta teve a aparição de Deus Nosso Senhor, da maneira por que muitas
vezes o tinha visto durante a vida mortal e disse-lhe:
“Marcos,
a paz seja contigo”. Estas, como as palavras do Anjo, encheram a alma do
Mártir de grande consolo e ânimo.
O dia seguinte, 25 de Abril, foi o
dia do martírio. Os pagãos maltrataram-no de um modo tal que morreu no meio das
crueldades. As últimas palavras que proferiu foram: “Em vossas mãos encomendo o meu
espírito”.
Os pagãos quiseram queimar seu corpo. Uma fortíssima tempestade, que
sobreveio, frustrou-lhes os planos e forneceu aos cristãos, ocasião de tirar o
corpo e dar lhe honesta sepultura, numa rocha em Bucoles.
Em 815 foram as relíquias de São Marcos transportadas para Veneza, onde
ainda se acham.
O leão é o símbolo deste evangelista, que inicia seu Evangelho com estas
palavras: “Voz daquele que clama no deserto: Preparai os caminhos do Senhor”.
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